Expansão da área de atuação da OTAN em direção ao Atlântico Sul pode colocar o Pré-Sal em risco


Portal Marítimo
17/12/2010

A suposta “Bacia do Atlântico” pode pôr em risco o pré-sal, diz Jobim

Rodrigo Cintra

O Ministro da Defesa, Nelson Jobim, em palestra sobre a “Política de Defesa do Governo Lula”, pronunciada nesta quarta-feira (15/12) na Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE), refutou a possibilidade de entendimentos sobre uma presença maior dos Estados Unidos no Atlântico Sul enquanto aquele País não referendar A Convenção do Mar, que fixa o atual limite de soberania de 200 milhas para o Brasil.

Durante a palestra, ao fazer um balanço das realizações da pasta, e dos desafios para o futuro, Jobim destacou a questão marítima como uma das prioridades. “Atuei não somente para construir pontes, mas também para desarmar iniciativas que, a meu ver, poderiam ser nocivas aos interesses nacionais e à nossa soberania”.

 

Jobim disse que, em viagem recente aos Estados Unidos, foi abordado por autoridades americanas interessadas em discutir o que ele chama de “tentativas de construir um esdrúxulo conceito de Bacia do Atlântico, que anularia as distinções evidentes entre as realidades do Norte e do Sul do Oceano. Sintomaticamente, essas iniciativas partem de países do Norte do Atlântico, o que nos causa preocupação, sobretudo em vista de nossas reservas de petróleo na camada pré-sal”.

O ministro explicou que “na concepção americana, o mar vai até a praia de Copacabana, e na concepção do Brasil, a partir da concepção da Convenção do Mar, os fundos marinhos vão até 350 milhas do litoral”. O comentário refere-se ao novo limite de soberania sobre o subsolo marinho, que está sendo negociado com a Organização das Nações Unidas (ONU) e que ampliará a área de controle brasileira de 3 milhões de km² para 4,5 milhões de km².

Ministro da Defesa, Nelson Jobim: "A timidez que caracterizou a atuação internacional das forças armadas em outros momentos do nosso processo histórico está superada. Precisamos aproveitar as inúmeras avenidas que se abrem ao Brasil no exterior. Precisamos ser ousados e pensar grande"

Essa preocupação brasileira já havia sido manifestada por Jobim diante das novas atribuições da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), que passaria a atuar em todo o mundo, inclusive no Atlântico Sul (acesse abaixo o link para a íntegra do discurso do ministro sobre o assunto, em Lisboa, Portugal).

A postura do Ministério da Defesa diante das questões internacionais, segundo Jobim, tem por objetivo maior a defesa dos interesses nacionais. “A timidez que caracterizou a atuação internacional das forças armadas em outros momentos do nosso processo histórico está superada. Precisamos aproveitar as inúmeras avenidas que se abrem ao Brasil no exterior. Precisamos ser ousados e pensar grande”.

Jobim demonstrou não estar preocupado com interpretações equivocadas dessa postura. “Alguém pode dizer que eu estou dizendo que sou arrogante. Pode ser que seja, mas arrogância não causa mal a ninguém. O que causa mal a alguém é a timidez”, avaliou.

A proatividade brasileira no cenário internacional tornará a agenda externa da Defesa cada vez mais intensa, previu Jobim “O que implica a necessidade de crescente cooperação com o Itamaraty – que, por sua vez, precisa se preparar para tal”, observou o ministro.

 

Com as informações – Ministério da Defesa

Por Rodrigo Cintra

Portal Marítimo

http://portalmaritimo.com/2010/12/17/a-suposta-bacia-do-atlantico-pode-por-em-risco-o-pre-sal-diz-jobim/


Mapa publicado em : OLIVEIRA, Lucas K. (2009). “Segurança Energética no Atlântico Sul: Análise Comparada dos Conflitos e Disputas em Zonas Petrolíferas na América do Sul e África”. XXXIII Encontro Anual da ANPOCS, 26 a 30/10/2009, Caxambu, MG. pg 2. – Projeção Azimutal Equidistante, com Escala radial de 500km/cm, centralizado em: 15 S, 18 W.

Ilhas inglesas no Atlântico Sul: a Inglaterra, país membro da OTAN que possui inúmeras ilhas no Atlântico Sul, é um dos países que vem pressionando mais diretamente a aliança militar do Atlântico Norte a patrulhar esta região no Hemisfério Sul, onde tem disputas territoriais com a Argentina, pelas ilhas Malvinas

3 Responses to Expansão da área de atuação da OTAN em direção ao Atlântico Sul pode colocar o Pré-Sal em risco

  1. O mais curioso é que aparentemente a menção ao Atlântico Sul partiu diretamente de Portugal, do Governo Português, o que não deixa de ser espantoso.
    Dei-me ao trabalho de traduzir um texto que defende a posição portuguesa de incluir o Atlântico Sul na estratégia da OTAN.
    É muito estranho …

  2. […] recente alusão do Ministro Nelson Jobim a tentativas de ingerência da Otan têm a sua raiz na proposta portuguesa para incluir o Atlântico Sul dentro do novo Conceito […]

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