Embrapa reforça pesquisas com palmeiras oleíferas para biodiesel

8 de julho de 2010

Embrapa Agroenergia

08/07/2010

Embrapa reforça pesquisas com palmeiras oleíferas para biodiesel 

Daniela Garcia Collares

Em um prazo de três anos, a Embrapa Agroenergia, em parceria com oito unidades da Embrapa e oito universidades, irá executar o Projeto “Pesquisa, desenvolvimento e inovação (PD&I) em palmáceas para a produção de óleo e aproveitamento econômico de co-produtos e resíduos”, o “PROPALMA”.

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Segundo estudo do IPEA a fabricação de biocombustíveis não vai prejudicar produção de alimentos no Brasil

26 de maio de 2010

Agência Brasil

26/05/2010

Ipea: fabricação de biocombustíveis não vai prejudicar produção de alimentos

Danilo Macedo

Repórter da Agência Brasil

Brasília – Apesar do avanço das lavouras de cana-de-açúcar sobre áreas destinadas à pecuária e à agricultura nos últimos anos, uma pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) apresentada hoje (26) afirma que o país não vai perder potencial como produtor de alimentos em função desse crescimento. Para isso, no entanto, o estudo Biocombustíveis no Brasil: Etanol e Biodiesel, ressalta a necessidade de o Estado regular a fabricação de etanol e priorizar a produção de alimentos com financiamento e infraestrutura.

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Video do navio do Promef/PAC, o petroleiro “João Cândido” da Transpetro, empresa do grupo Petrobrás

17 de maio de 2010

Blog da Petrobrás

17 de maio de 2010

Primeiro navio do Promef/PAC tem novo vídeo

Mais do que construir a quinta maior indústria de navios petrolíferos do mundo, a Transpetro – subsidiária da Petrobras para as áreas de transporte e logística – está mudando o Brasil e a vida dos brasileiros.

Veja o segundo filme publicitário sobre o lançamento no primeiro navio do Programa de Modernização e Expansão da Frota/Programa de Aceleração do Crescimento (Promef/PAC).

http://www.blogspetrobras.com.br/fatosedados/?p=23262

Veja outros Vídeos do novo navio da Transpetro

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Petrobras recebe o primeiro navio “Suezmax” construído no Brasil em mais de uma década

7 de maio de 2010

Agência Petrobrás

07/05/2010

Transpetro lança ao mar primeiro navio do Promef

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva lançou hoje (7/05) ao mar o primeiro navio do Programa de Modernização e Expansão da Frota da Transpetro (Promef) no Estaleiro Atlântico Sul (EAS), no porto de Suape, em Pernambuco. O navio do tipo Suezmax é um marco histórico para a indústria naval brasileira. Trata-se da primeira embarcação de grande porte construída no Brasil a ser entregue ao Sistema Petrobras em 13 anos. A última havia sido o Livramento, cuja construção foi encomendada em 1987 e levou 10 anos para ser concluída.

Cerimônia de Lançamento de Batismo do 1º Navio do Promef, o Suezmax "João Cândido" - 07/05/2010 - Foto: Petrobrás

“A construção deste navio tem que ser levada a sério por nós. É a auto-afirmação de um povo, que durante muito tempo foi esquecida”, afirmou o presidente da República. A determinação do presidente Lula de que fosse retomada a construção de navios e plataformas de produção de petróleo no País foi o alicerce do Promef, criado em 2004 para revitalizar a indústria naval em bases globalmente competitivas, a partir da encomenda de 49 navios.

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Helicópteros de grande porte começam a operar no pré-sal

4 de março de 2010

Aviação Brasil

04/03/2010

Helicópteros de grande porte começam a operar no pré-sal

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Sikorsky S-92

A exploração de petróleo no pré-sal começa a provocar mudanças no mercado offshore. Dois helicópteros de grande porte, modelo S-92 da americana Sikorsky, recém-adquiridos pela BHS, já estão sendo utilizados pela Petrobras para transporte offshore até o Campo de Tupi, na Bacia de Santos, a 300 km da costa.

Além destes, outros três grandes helicópteros EC-225 Super Puma da francesa Eurocopter entraram em operação na Bacia de Campos. As cinco novas aeronaves da BHS, contratadas pela Petrobras, já ultrapassaram a marca de 500 horas de vôo.

“Estamos cumprindo todos os prazos contratuais com a Petrobras. Já estamos operando esses novos modelos de helicópteros especiais, totalmente equipados para transportar passageiros a grandes distâncias. Eles têm até 4,5 horas de autonomia de vôo e podem levar 18 pessoas às áreas mais distantes do pré-sal.”, informa Décio Galvão, diretor da BHS Helicópteros.

 

Outro helicóptero modelo S92, da Sikorky, deve entrar em operação até o final da próxima semana; e até junho mais três aeronaves adquiridas pela BHS chegam ao Brasil, completando a frota de nove contratada pela Petrobras.

 

No final do mês passado, a BHS foi homenageada pela francesa Eurocopter e pela americana Sikorsky por ser a primeira empresa a operar comercialmente esses novos modelos de helicópteros no Brasil. A cerimônia ocorreu durante a feira da HAI (Helicopter Association International), a maior do setor no mundo, realizada este ano em Houston, no Texas (EUA).

Fonte: Aviação Brasil

E-mail: imprensa@aviacaobrasil.com.br

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Turbina a jato 100% nacional para aviões de monitoramento é testada com sucesso usando biocombustíveis

3 de janeiro de 2010

Jornal da Cidade

03/01/2010

Bauruense projeta turbina a jato 100% nacional para aviões de monitoramento

Lígia Ligabue

http://www.jcnet.com.br/detalhe_geral.php?codigo=173786
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Produzir uma turbina 100% nacional para equipar aviões não tripulados em ações de monitoramento. Esse é o objetivo de um grupo de especialistas em aviação, física e engenharia aeronáutica que, em 2008, desenvolveu a TR 3500 – primeira turbina totalmente desenvolvida no Brasil. O equipamento foi testado com sucesso inclusive para combustíveis alternativos. Além da querosene usada em aviação, a turbina nacional funcionou com álcool. O tenente-coronel da reserva da Aeronáutica Francisco Antônio Correa Domingues, bauruense e filho do professor Muricy Domingues, foi o responsável pelo funcionamento da turbina.

O protótipo levou nove meses para ser produzido. Ele foi desenvolvido pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) em parceria com a empresa de engenharia Polaris Tecnologia. Fazem parte do grupo, o coordenador geral e professor do ITA, Homero Santiago Maciel e, pela empresa, o engenheiro aeronáutico Alberto Carlos Pereira Filho, o engenheiro de infraestrutura aeronáutica Milton Sanches, o engenheiro de mecatrônica Mairum Médici, o engenheiro eletricista Antônio Hadade Neto, além de Domingues, que dá consultoria técnica para a empresa.

“Tudo começou quando o Alberto foi fazer seu doutorado no ITA. Ele partiu para a área de plasma e um professor perguntou se ele se interessava pela área de pequenas turbinas”, conta o tenente-coronel. Na época, ele estava trabalhando na Força Aérea, no setor de manutenção de motores a jato e foi procurado pelo grupo, pois precisavam balancear a turbina. Foi aí que o baurense, que atualmente mora em São José dos Campos, se envolveu no projeto.

Após conseguir investimento de R$ 1,8 milhão do governo federal, por meio da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), ligada ao Ministério da Ciência e Tecnologia, o grupo se lançou ao desafio de construir uma turbina a jato nacional, a partir do zero. Nove meses depois, após uma verdadeira gestação, o primeiro equipamento estava pronto.

A proposta era fazer uma turbina 100% nacional. Para isso, as peças necessárias foram desenhadas pela Polaris e usinadas por empresas brasileiras ou pelo próprio ITA. Apenas um componente não foi feito no País. Um rolamento importado foi utilizado no protótipo. Porém, a expectativa é que ele seja desenvolvido em breve no Brasil. De acordo com Domingues, a empresa desenvolveu uma turbina semelhante para a Vale do Rio Doce utilizar na geração de eletricidade. O engenheiro explica que a mineradora vai solicitar que a indústria fornecedora passe a fabricar o rolamento necessário.

Presidente

Um dos principais impulsos para o futuro da turbina nacional foi a visita do presidente Lula ao ITA. De acordo com o tenente-coronel Domingues, no dia 27 de setembro de 2008, o presidente iria participar de um comício político na região de São José dos Campos. Ele pousou nas dependências do Comando-geral de Tecnologia Aeroespacial (CTA), onde está instalado o instituto.

Aproveitando a passagem do presidente, o brigadeiro Venâncio Alvarenga Gomes, diretor do CTA, convidou Lula para conhecer o equipamento. “O presidente ficou muito interessado no projeto, tanto que dias depois, ele pediu para o ministro da Defesa, Nélson Jobim, e o comandante da Aeronáutica, o tenente-brigadeiro Juniti Saito, conhecerem a turbina”, conta Domingues.

Em outubro do ano passado, o protótipo da turbina foi entregue ao ITA. De acordo com Domingues, ela será utilizada na instrução de alunos. “Antes, os estudantes não tinham equipamento para analisar durante as aulas”, conta o engenheiro.

História
O tenente-coronel da Aeronáutica Francisco Antônio Correa Domingues é bauruense, filho de Muricy e Maria Luiza Domingues. Ele estudou no então Instituto de Educação Ernesto Monte, na escola Silvério São João, Christino Cabral e conseguiu bolsa de estudos no colégio Prevê, após passar em primeiro lugar em um vestibular para engenharia elétrica, quando ainda estava no primeiro ano do ensino médio.

Ele ingressou no Instituto Tecnológico da Aeronáutica e optou por servir à Força Aérea. Ele se formou como primeiro tenente e em 2008 entrou para a reserva de 1.ª classe como tenente-coronel. Desde então, presta consultoria técnica para a empresa Polaris.

Ficha técnica
A turbina utiliza querosene de aviação como combustível, mas também foi acionada com álcool e gás natural e gera 3.500 Newtons (N) de empuxo. Possui compressor centrífugo, câmara de combustão do tipo anular de fluxo direto e turbina axial.

O TR 3500 tem 1,30 metro de comprimento por 54 centímetros de diâmetro. O propósito inicial da turbina é atender a aviação não-tripulada de alto rendimento, voltada a fins militares e civis específicos como missões de reconhecimento e vigilância. O motor é capaz de mover uma aeronave de até 1,2 tonelada com autonomia de 1.000 a 1.500 quilômetros.

http://www.jcnet.com.br/detalhe_geral.php?codigo=173786

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Ilustrações

Turbina brasileira TR3500 - foto: ITA : http://www.ita.br/online/2008/noticias08/turbinatr3500.htm

Modelo de Turbina em funcionamento: deferentemente das turbinas à vapor, nas turbinas a jato o combustível équeimado dentro do motor, na cãmara de explosão, o que aumenta significativamente a eficiência das turbinas aeronáuticas ou das turbinas aeroderivadas

 Turbina aeronáutica funcionando - Foto: Instituto de Física da UFRGS - http://www.if.ufrgs.br/tex/fis01043/20031/Andre/turbina_funcionando.gif





Leia mais em: TURBINA TR3500 — UMA HISTÓRIA DE SUCESSO : O ano de 2008 entra para a história do ITA como um marco do domínio tecnológico no desenvolvimento e a fabricação de turbinas aeronáuticas para uso em aeronaves de 1000kg ou mais

Presidente da Petrobras Biocombustível responde aos leitores do blog da Petrobras

7 de dezembro de 2009

http://www.blogspetrobras.com.br/

Blog da Petrobrás

7 de dezembro de 2009

Presidente da Petrobras Biocombustível responde aos leitores do blog

O presidente da Petrobras Biocombustível, Miguel Rossetto, é o segundo entrevistado pelos leitores do blog Fatos e Dados, que encaminharam perguntas via seção de comentários. A entrevista completa, com as questões selecionadas, você confere nos links abaixo:

Bloco 1: matérias-primas

Bloco 2: economia e mercado

Bloco 3: tecnologia e desenvolvimento

Bloco 4: resultados sócio-ambientais

A equipe do blog agradece a participação de todos os internautas que enviaram perguntas. Aguarde e colabore com a próxima entrevista participativa!

http://www.blogspetrobras.com.br/
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Destaque – pergunta sobre impactos socioambientais:

Lucas K. Oliveira

Aproveito a ocasião para agradecer ao presidente da Petrobras Biocombustível, Miguel Rossetto, pela resposta à questão formulada no Blog da Petrobrás:

“Quais os principais resultados sociais e ambientais já alcançados pelo programa de desenvolvimento de Biodiesel da Petrobras?”

(a pergunta foi formulada no Blog da Petrobras em 29 de novembro de 2009, às 16:44: http://www.blogspetrobras.com.br/fatosedados/?p=13469 )

A resposta pode ser assistida no 4a vídeo, que trata do bloco de questões relativas aos  “resultados socioambientais” (a partir dos 2min 36s):

Agradeço também ao Lívio pelos comentários à outra questão, diria, mais provocativa. Lívio lembra que os motores Elsbett (Elko) poderiam queimar óleo vegetal puro.  Apenas para esclarecimento, estes motores queimam 100% do óleo produzido com biomassa vegetal, queimando, inclusive, a glicerina vegetal. Isto significa que esta tecnologia  acaba com a necessidade do processamento químico com transesterificação (para extrair a glicerina do óleo vegetal) e transformá-lo em biodiesel. Esta modalidade de motores vem sendo arduamente defendida pelo engenheiro Bautista Vidal a pelo menos duas décadas.

Acredito sinceramente, que a Petrobrás poderia assumir como bandeira o desenvolvimento de uma nova geração de motores e turbinas movidos a óleo vegetal puro, ou seja, combustíveis derivados 100% de biomassa. No dia 04/12/2009 em entrevista coletiva concedida por Sergio Gabrielli, no evento sobre pré-sal realizado em Porto Alegre, perguntei a mesma coisa. Gabrielli deixou claro que a Petrobrás fabrica combustíveis, mas está preocupada em desenvolver este setor para ter fornecedores no Brasil, lembrando dos investimentos feitos pela empresa no desenvolvimento dos primeiros protótipos de turbinas nacionais, em parceria com o ITA (já citados neste Blog).

Entretanto, acredito, não seria tão complicado para a Petrobrás criar uma nova subsidiária, algo como a “Petrobrás motores”, para isso, até em parceria com outras empresas nacionais. A Petrobras poderia até ter uma equipe de Fórmula 1, fabricar motores de ponta e controlar simultaneamente a fabricação de combustíveis e motores de alta tecnologia. Bom para a imagem da empresa e bom para os negócios. Me parece que outras empresas nacionais teriam interesse em ter participação acionária em um projeto destes, mas dependeria de uma iniciativa de alto risco da própria Petrobrás. Sem apoio governamental seria realmente arriscado.

Para que Brasil viabilize uma empresa para a fabricação desse tipo de motores,  uma outra alternativa, seria o governo comprar uma dessas corporações automobilísticas multinacionais à beira da falência, e transformar uma de suas unidades em uma fábrica de motores 100% a combustível de biomassa. Me parece que perdemos uma ótima oportunidade de adquirir a GM do Brasil, quando a matriz americana estava no auge da crise e cogitou se desfazer de algumas filiais para se salvar da falência, um pouco antes de ser praticamente “estatizada” pelo governo Obama. Infelizmente, demoramos para agir e a GM do Brasil passou a ser controlada pela GM na China. Provavelmente o governo achou que seria uma briga grande demais para comprar agora. É só imaginar a reação dos partidos de oposição e a mídia liberal anti-Brasil, gritando: “Isto é estatismo!, estamos caminhando para o comunismo!”, e outras bobagens do tipo.

Me parece que a opção de criar uma empresa nova acabará sendo a mais viável e menos polêmica, pois esta pode ser de participação limitada, podemos manter controle acionário (51%) nas mãos do Estado, e desenvolver não apenas motores mas também geradores, motores a célula-combustível e turbinas, todos projetados para funcionarem com combustíveis 100% derivados de biomassa.


Ildo Sauer defende plebiscito sobre nova lei do petróleo e reestatização da Petrobras

5 de dezembro de 2009

http://professorildosauer.wordpress.com/

5 Dezembro, 2009

Nem partilha, nem concessão: plebiscito!

Entrevista concedida pelo Professor Ildo Sauer ao jornalista Augusto Nunes para a página Veja.com

“Nas três partes da entrevista, Ildo Sauer, professor do Instituto de Eletrotécnica e Energia da USP, dá uma aula sobre o pré-sal, explicando o que é a imensidão de petróleo descoberta há mais de 30 anos no litoral brasileiro. Entre outras críticas ao modelo de exploração proposto pelo atual governo, censura as pressões para que o Congresso aprove em três meses ‘uma das decisões mais importantes da história do país’. Sauer defende a realização de um plebiscito para que a população decida o que fazer com essa riqueza. Sugere que se vincule a produção ao dinheiro necessário para os investimentos em saúde, educação, transporte e infraestrutura”.

Parte 1

Parte 2

Parte 3

http://professorildosauer.wordpress.com/


Para especialista, transporte público com combustível limpo é o melhor para reduzir emissões

5 de dezembro de 2009

http://www.agenciabrasil.gov.br/

Agência Brasil

5 de Dezembro de 2009

Para especialista, transporte público com combustível limpo é o melhor para reduzir emissões

Daniel Mello

Repórter da Agência Brasil

São Paulo – O chefe do Laboratório de Monitoramento e Controle Ambiental em Transportes da Universidade de Brasília (UnB), Felipe Azevedo, disse que o transporte público de qualidade e que utilize combustíveis limpos é uma das medidas mais importantes para reduzir as emissões de gás carbônico causadas pelo deslocamento de pessoas.

Ele ressaltou que o “setor de transporte nos centros urbanos é um dos principais atores na emissão de poluentes e, por isso, é importante adotar medidas que reduzam as emissões de gases de efeito estufa nessa área.

Segundo dados do Inventário Nacional de Emissões de Gases Estufa, o transporte rodoviário representou 5,7% do total de carbono lançado pelo Brasil em 2005. Em 1990, o setor correspondia a 5,3% do total. Em valores absolutos, os deslocamentos por terra passaram a emitir 72% mais carbono nos 15 anos avaliados, passando de 214.922 toneladas em 1990 para 362.032 toneladas em 2005.

Além de incentivar a população dos grandes centros a trocar os veículos individuais pelo transporte coletivo, Azevedo acrescentou que a frota de ônibus deve utilizar cada vez mais energia limpa, como biocombustíveis e gás natural.

“Não é só o fator combustível, tem também a manutenção desses veículos”, destacou. Segundo ele, o uso de veículos modernos e com a manutenção em dia garante um consumo menor de energia e, por consequência, menos emissões.

Azevedo admitiu, entretanto, que fazer com que a população troque o carro pelo transporte coletivo é algo que demanda tempo e dificilmente pode ser implementado de imediato. “É claro que para você mudar toda a maneira de se locomover de uma população é um pouco complicado, não é de uma hora para outra que isso vai acontecer”.

Em relação aos automóveis, o pesquisador acredita que um ponto importante é renovar a frota e fiscalizar principalmente os veículos antigos ainda em uso. De acordo com ele, como os carros novos seguem as determinações do Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama) em relação a emissão de poluentes, “os novos veículos não são os que preocupam mais, os que preocupam mais são os que já estão rodando. Esse são os que mais emitem. Os que estão saindo de fábrica estão de acordo com as resoluções do Conama”.

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Royalties do petróleo do pré-sal, o egoísmo dos ricos e a “nova” política dos governadores

27 de novembro de 2009

Diário do Pré-Sal

27/11/2009

Royalties do petróleo do pré-sal, o egoísmo dos ricos e a “nova” política dos governadores

Lucas Kerr de Oliveira

O Brasil está vivendo um momento complexo de debates intensos a respeito da definição dos rumos a serem tomados com a definição de uma nova Lei do Petróleo. Na realidade é o que vem chamado de um novo “Marco Regulatório”, afinal são 4 novas leis e não apenas uma. Mas uma delas, o PL 5.938/2009 irá substituir a atual “Lei do Petróleo”(nº 9.478/1997), portanto é uma “nova Lei do Petróleo”.

Infelizmente foi deixado de lado o debate a respeito da troca do atual modelo de concessões da exploração petrolífera por um modelo mais eficiente e digno, realmente mais próximo do interesse nacional, que seria o de partilha de produção. O centro das atenções rapidamente foi deslocado para a questão da distribuição dos royalties.

Simultaneamente, assistimos a velha política dos governadores e coronéis regionais voltar com toda a força nesta semana no Congresso Nacional. Na Câmara, onde os estados mais ricos e populosos têm as maiores bancadas, começou uma disputa federativa por verbas como não se via a muito tempo. Mais precisamente, os estados de São Paulo e principalmente o Rio de Janeiro, mobilizaram seus respectivos deputados federais, dos mais diversos partidos políticos, para defender o privilégio de receber mais royalties da produção petrolífera do que as demais unidades da federação.  Já não é mais possível contar quantas viagens o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, fez a Brasília, para tentar mobilizar os deputados cariocas contra qualquer mudança na distribuição dos royalties.

Os estados onde ocorre a extração de petróleo já são beneficiados pela geração de empregos, renda, dinamização econômica e produtiva, mais impostos e investimentos associados à atividade de exploração petrolífera. Porque, além disto, garantir ainda enormes privilégios como ganhos extras de royalties? Ainda mais considerando o que determina a Constituição que todas as unidades da federação são iguais e que o petróleo é um bem de monopólio da União (Art. 177 da Constituição Federal), não uma exclusividade ou privilégio de estados e municípios.

As regras de distribuição de royalties e impostos do pré-sal, aliás, da extração de petróleo offshore, jamais poderiam ser iguais às regras da exploração petrolífera no continente. Em primeiro lugar porque o petróleo em alto mar geralmente envolve outros tipos de riscos ambientais, que podem afetar toda uma região e não apenas os municípios ou estados onde ocorre a extração de petróleo.  A atual legislação prevê uma porcentagem maior dos royalties para os estados em que ocorrem as atividades ligadas à exploração, embarque e refino de petróleo. Mas esta previsão está fundamentanda na premissa de que estas atividades provocam danos ambientais, portanto, receber mais royalties significaria uma espécie de compensasão ambiental. Mas a porcentagem que foi estabelecida na legislação ainda vigente, foi definida em uma época em que os royalties significavam uma fonte muito pequena de recursos, pois o Brasil produzia menos petróleo e o valor do petróleo era várias vezes menor do que é atualmente. Ou seja, a realidade mudou e hoje se faz necessária uma ampla reforma deste procedimento de distribuição de royalties.

Além disso, vale destacar que os estados do Rio de Janeiro e São Paulo são os mais ricos do país. Quais seriam as justificativas éticas e morais para garantir privilégios econômicos desta natureza para os mais ricos? Chega a ser surpreendente que este egoísmo dos estados mais ricos se sobreponha ao interesse coletivo e social da maioria dos brasileiros, em suma, aos interesses da nação.

Além disto, as supostas “perdas” do Rio de Janeiro não são reais. O Brasil vai dobrar a produção petrolífera em uma década, e o preço do petróleo hoje é em média 3 vezes maior do que no início dos anos 2000 e não há nada que indique que pode cair. O pré-sal representa reservas 7 a 8 vezes maiores do que se supunha existirem, portanto o Brasil vai produzir por muito mais tempo e serão arrecadados royalties por muito mais tempo do que se imaginava ser possível. Assim, com a atual proposta de substitutivo do PL. 5.938/2009, mesmo com uma pequena redução do percentual dos estados onde se extrai petróleo, estes devem arrecadar muito mais do que arrecadaram no passado.

Tudo indica que esta polêmica toda foi criada, também, para ofuscar o debate sobre outro ponto do Projeto de Lei 5.938/2009: especificamente o que muda a forma de extração de petróleo para o modelo de partilha, beneficiando muito mais o Brasil do que no modelo vigente, de concessão. O modelo de concessão atualmente em vigor não acrescentou nada ao Brasil, mas trouxe lucros enormes às grandes corporações petrolíferas multinacionais que passaram a explorar petróleo no Brasil, autorizados pela lei do petróleo ainda vigente (9.478/1997).

Outro ponto que não vem sendo discutido é qual será a destinação final destes volumosos recursos. A única destinação pré-definida que os estados privilegiados com mais royalties aceitaram foi destinar uma porcentagem ínfima para um fundo ambiental. Este fundo ambiental, a ser criado, poderá financiar programas de adaptação às mudanças climáticas e proteção ao ambiente marinho. O ideal seria que parte destes recursos também fosse destinada ao financiamento de infra-estrutura de transportes mais eficiente e menos poluente, e também programas de geração de energia mais limpa e de forma descentralizada, ou seja, geração de energia nos municípios em esta é consumida.

Poderiam ser construídas usinas geradoras de energia a partir de biogás extraído dos aterros sanitários ou centrais de tratamento de esgoto, ou várias pequenas usinas com turbinas de alta potência movidas a biocombustíveis derivados 100% de biomassa. Este processo poderia incluir ainda usinas solares, eólicas e até unidades de geração de energia maremotriz e geotérmica. Nas maiores cidades, estes recursos poderiam viabilizar a construção de novas linhas de trem e de metrô, que ajudariam a reduzir o consumo de combustíveis por parte dos automóveis privados.

Obviamente isto implicaria na garantia da predestinação de parte dos recursos dos royalties do petróleo Mas permanece a questão: porque não garantir porcentagens fixas dos recursos do pré-sal para saúde, educação, saneamento básico e habitação, energia limpa? Por exemplo, poderiam ser destinados 15% dos royalties para educação, 15% para saúde, 15% para projetos de energia mais limpa e transportes mais eficientes e menos poluentes, 15% para saneamento básico, habitação, infra-estrutura e lazer. E cada governo local poderia decidir ainda onde o seu estado ou município iria gastar os 40% restantes. Mas teríamos a garantia de que a população seria beneficiada com estes recursos. E por enquanto, não há certezas de que isto será possível.

Até porque, tudo indica, esta “nova” política dos governadores parece fortalecida pelo peso demográfico e econômico de alguns dos estados mais ricos do país, que se recusam a permitir que uma porcentagem maior dos royalties beneficie também a maioria dos estados brasileiros.

Por enquanto, nos resta torcer para que na próxima semana, o bom senso predomine neste debate, senão na Câmara dos Deputados, ao menos no Senado, em que todos os estados são representandos como entes iguais da Federação.


Nesta terça 27/10/2009 – Audiência pública no Senado discutirá criação do Fundo Social do pré-sal

26 de outubro de 2009

Diário do Pré-Sal

26/10/2009

Audiência pública no Senado discutirá criação do Fundo Social do pré-sal

Lucas K. Oliveira

Senado Federal - Brasilia, DF.   Foto: Lucas K. Oliveira

Acontece amanhã (27/10) no Senado, a audiência pública que vai discutir a criação do Fundo Social, que receberá a renda petrolífera do governo referente à exploração do pré-sal. Esta é a terceira audiência pública para discutir o novo marco regulatório do pré-sal, como parte de um ciclo de debates organizados pela Comissão de Serviços de Infraestrutura (CI). A audiência ocorre às 8h30 desta terça-feira, na sala 13 da ala Alexandre Costa.

A criação do fundo está prevista em dois projetos de Lei discutidos pela mesma comissão, o PL 5.417/2009, apresentado pelo deputado Pedro Eugênio (PT-PE), e o PL 5.940/2009, apresentado pelo Executivo.

O Fundo Social  receberá rendimentos da exploração petrolífera, como outros Fundos Petrolíferos existentes em países ou províncias exportadoras de petróleo no mundo. Normalmente, a função destes fundos é reinvestir a renda petrolífera em outros setores da economia.  Entretanto, este Fundo também deve funcionar simultaneamente como Fundo Soberano. A princípio, o Fundo Social deverá atuar como dois tipos de Fundos Soberanos, como um Fundo de Estabilização ou de Estabilização Cambial e como um Fundo para as gerações Futuras. Os Fundos Soberanos do tipo Fundo de Estabilização investem o excedente de dólares das exportações petrolíferas no exterior, evitando a sobrevalorização cambial e o “mal holandês”, assim como as grandes flutuações no câmbio quando o preço do petróleo muda. Os Fundos para as Gerações Futuras normalmente recolhem parte da renda de recursos finitos para reinvestir em outros setores da economia não-petrolífera, inclusive atividades produtivas e de serviços, ou  na aquisição de bens e ativos financeiros seguros, que garantam às futuras gerações uma fonte de renda quando a renda petrolífera não existir mais.

Dentre as idéias discutidas na Câmara e no Senado,  destaca-se a preferência para que o Fundo Social realize primeiro investimentos  com esta renda petrolífera em aplicações no Brasil e no exterior que resultem em rendimento seguro, para depois utilizar estes rendimentos obtidos na “área social”, como educação e cultura, tecnologia e infra-estrutura, combate a pobreza e talvez na saúde e na habitação.

Plataforma petrolífera da Petrobrás no RJ

Críticas aos principais problemas do PL 5.940/2009 e algumas sugestões

Dentre os principais problemas do PL 5.940/2009, em discussão na Câmara e no Senado, está a centralização excessiva do processo de tomada de decisão sobre os investimentos, nas mãos do Comitê de Gestão Financeira do Fundo Social (CGFFS), inteiramente nomeado em Ato do Executivo. Sem participação massiva da sociedade civil neste comitê, corre-se o sério risco de que  qualquer mudança de governo, resulte em mudanças  de toda a política de investimentos do Fundo. Além disso, é grande a chance de que um pequeno grupo de economistas nomeados para controlar este Comitê,  decida investir os rendimentos do Fundo no setor financeiro-especulativo, como por exemplo, na aquisição de “ativos”  nas Bolsas de Valores internacionais. Afinal, o PL 5.940/2009 prevê esta possibilidade.

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Copa, Olimpíadas e pré-sal podem gerar bons lucros para pequenas empresas, diz Sebrae

5 de outubro de 2009

http://www.agenciabrasil.gov.br/noticias/2009/10/05/materia.2009-10-05.5322921239/view

Agência Brasil

5 de Outubro de 2009

Copa, Olimpíadas e pré-sal podem gerar bons lucros para pequenas empresas, diz Sebrae

Vladimir Platonow

Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro – O país tem três grandes oportunidades de negócios para os micro e pequenos empresários nos próximos anos: a Copa do Mundo de 2014, as Olimpíadas de 2016 e a exploração do petróleo da camada pré-sal. Mas para conseguir ter ganhos será preciso formalizar suas atividades e criar consórcios

O assunto foi debatido hoje (5), no primeiro dia do 2o Encontro Nacional de Oportunidades para as Micro e Pequenas Empresas nas Compras Governamentais (Fomenta). O evento ocorre até o próximo dia 7, no Rio de Janeiro.

Para o gerente de Políticas Públicas do Sebrae Nacional, Bruno Quick, grandes eventos como a Copa do Mundo ou as Olimpíadas estão repletos de boas oportunidades para as micro e pequenas empresas, desde que estejam regularizadas.

“Existe a meta de regularizar um milhão de empreendedores individuais no Brasil. Se essas pessoas se regularizam, passam a ficar visíveis. Assim, os governos e as entidades que estão aí para dar apoio podem enxergá-los”, disse.

Segundo Quick, não só as grandes empresas vão lucrar com os eventos esportivos, mas que há lugar também para os pequenos empreendedores: desde os serviços de apoio ao turista, como de guias e intérpretes, passando por restaurantes, operadores de transporte e outras facilidades que serão necessárias para receber os milhares de visitantes que virão ao Brasil e especialmente ao Rio de Janeiro.

A secretária adjunta da Secretaria Nacional de Logística e Tecnologia da Informação do Ministério do Planejamento, Loreni Foresti, chamou a atenção para a necessidade das pequenas empresas formarem consórcios para poderem oferecer produtos em grande escala e a preços competitivos à grandes compradores, entre elas as empresas estatais e ao próprio governo federal, tanto nas obras do PAC, quanto na exploração do pré-sal.

Segundo ela, desde 2007, com a efetiva aplicação da Lei Geral da Micro e Pequena Empresa (Lei Complementar 123/06) as compras governamentais de pequenos e micro empresários vêm aumentando consideravelmente. Em 2007, o segmento respondia por 8% das compras, percentual que saltou para 44% este ano.

Outro fator que contribuiu para o crescimento dos pequenos foi a adoção do pregão eletrônico, possibilitando que o empresário venda ao governo, de qualquer lugar do país, por meio da internet.

“Aqueles pequenos empresários que anteriormente tinham que se deslocar para participar das licitações não precisam mais sair de seus locais. Com isso, aumentou a quantidade de fornecedores das diversas regiões”, disse Loreni.

Segundo ela, com a entrada de novos concorrentes, acabaram os cartéis que dominavam determinados setores. Com isso, só no ano passado, o governo conseguiu melhores negócios e gerou uma economia de R$ 3,8 bilhões, sendo R$ 1,9 bilhão com os micro e pequenos empresários.

De acordo com o gerente do Sebrae, um empecilho para o aumento das compras governamentais com as pequenas e micro empresas é a falta de regulamentação da Lei 123/06. Embora a lei tenha entrado em vigor em dezembro de 2006, apenas o governo federal e 13 estados regulamentaram o Inciso 5o, que estabelece a exclusividade em compras de até R$ 80 mil e preferência em caso de empate com uma empresa maior.

Do total de 5.563 municípios brasileiros, apenas 818 têm leis municipais sobre o tema, o que corresponde a apenas 15,24% do total. “É importante que os empresários pressionem, por meio de suas associações, para que esses governos priorizem a regulamentação da lei”, recomendou o diretor do Sebrae.

http://www.agenciabrasil.gov.br/noticias/2009/10/05/materia.2009-10-05.5322921239/view


Petrobras fará até ilha artificial para explorar o Pré-Sal

5 de outubro de 2009

http://www.valoronline.com.br/?impresso/brasil/89/5853332/petrobras-fara-ate-ilha-artificial-para-explorar-o-presal

Valor Econômico

05/10/2009

PETROBRAS FARÁ ATÉ ILHA ARTIFICIAL PARA EXPLORAR O PRÉ-SAL

Danilo Fariello

A exploração e produção do pré-sal vai exigir uma revolução logística da Petrobras. Os principais campos da empresa, atualmente na Bacia de Campos, estão localizados a uma distância entre 120 e 150 quilômetros da costa, e os poços de exploração do pré-sal estarão, em geral, a uma distância ente 200 e 300 quilômetros. Por isso, serão necessários novos investimentos em infraestrutura para que a operação no mar tenha o máximo de autonomia possível.

“Estamos diante de circunstâncias totalmente diferentes das conhecidas”, diz o gerente-geral da unidade de serviços de transporte e armazenagem do setor de Exploração e Produção da Petrobras, Ricardo Albuquerque. “Como os campos são gigantes e distantes, isso leva a um planejamento distinto daquele já conhecido.”

Apesar das muitas incertezas, há dados preliminares suficientes para planejar. Já está definido, por exemplo, que a estratégia envolverá o modelo de “hub” (termo em inglês que significa ponto de conexão) para três itens específicos.

Um é a adaptação do que já ocorre na Bacia de Campos, para a distribuição de óleo diesel às unidades marítimas da Petrobras. Atualmente, os navios-tanque ficam atracados em zona próxima às diferentes plataformas alimentando, “no varejo”, as necessidades do óleo combustível de cada unidade, explica Albuquerque. A ideia do “hub” de diesel nasceu dentro da Petrobras especificamente para a Bacia de Campos e hoje já são três os navios-tanque na região. A empresa entendeu que a concepção de “hub” adotada no caso do óleo diesel será usada no pré-sal de forma ampliada. Isso leva aos dois outros itens, que são os fluidos químicos e passageiros.

Na perfuração e produção dos poços, são necessários fluidos específicos para se manter a produtividade dos poços. São elementos que resultam da operação e que devem ser processados quimicamente e reinseridos nos poços. Hoje, isso é feito no continente, mas a ideia da Petrobras é adaptar um navio-tanque com os elementos necessários a essa operação.

O desafio tecnológico para isso é grande, pois se trata de uma infraestrutura que nunca foi levada ao mar. Roberto Ramos, da Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim), acha que a solução pode ser a construção de uma plataforma fixa para operar os fluidos, porque são necessários equipamentos de compressão complexos e torres acima de 60 metros.

É no sistema de transporte de passageiros, porém, que a Petrobras prepara a grande novidade logística para o pré-sal. Hoje, apenas na Bacia de Campos, a empresa transporta 10 mil passageiros por mês (ou 20 mil, contando ida e volta). No Sul e Sudeste, o transporte chega a quase 60 mil passageiros por mês. A ampliação e construção de bases aeroportuárias já está nos planos. No entanto, para o pré-sal está planejado também um ponto de interconexão no meio do mar.

Para baratear esse transporte, a estratégia é a criação de unidades marítimas que servirão como estações intermediárias. Será um meio de caminho onde os passageiros chegam por meio de uma lancha ultrarrápida para, de lá, pegar helicópteros de médio porte rumo ao seu destino final. No entanto, esse projeto também carrega diversos desafios tecnológicos.

O primeiro refere-se a manutenção dos helicópteros, explica Albuquerque. É mais eficiente fazê-la em terra e à noite. Portanto, eles teriam de ser trazidos de volta ao continente diariamente. Na primeira e na última viagem do dia, portanto, seria possível que alguns passageiros não tivessem de passar pelo “hub” de transbordo marítimo – que poderá ser mais de um, dependendo do ritmo de exploração e da distância entre os poços.

A dificuldade maior é fazer essa viagem agradável ao passageiro, de forma que ele mantenha sua capacidade de trabalho ao chegar ao destino final. Para isso, a Petrobras encomendou à americana Lockheed Martin um modelo de lancha específico para as suas necessidades, com espaço para 150 pessoas. A empresa já fornece embarcações similares para empresas que exploram campos no golfo do México, no território americano. O projeto já vem sendo desenvolvido pela empresa para a Petrobras por mais de dois anos, para a Bacia de Campos. Agora terá que ser adaptado para o pré-sal.

Segundo Albuquerque, é relativamente fácil ter uma lancha rápida com pouca movimentação, para evitar enjoo dos passageiros, mas a grande dificuldade é montar uma estrutura no mar em que, parada, a lancha não balance demais e seja firme e grande o suficiente para os helipontos. É ainda necessário que ela torne rápida a mudança de meio de transporte. Essa estrutura flutuante, com nome técnico de “gangway”, é chamada pelos funcionários da estatal de “ilha artificial”.

Um modelo que vem sendo desenvolvido confidencialmente por uma empresa tem uma forma similar à de uma rampa, com uma escada articulada – como aquelas de caminhões de bombeiros. “São vários modelos de “gangways”, mas todos os existentes mostram dificuldades principalmente em dois pontos: segurança e agilidade no transbordo”, explica Albuquerque. Por isso, a necessidade de desenvolvimento específico. A empresa também planeja que a “ilha artificial” possa servir como escala ou mesmo permanência por um tempo de passageiros que trabalhem em diferentes plataformas.

Apesar da inovação, Albuquerque diz que não se tratam de projetos suntuosos financeiramente. “A simplicidade é o destaque e a meta é reduzir custos.” No caso dos navios-tanque de diesel a solução foi simples e barata, porque foram adaptados navios ociosos da Transpetro. A lancha não será mais cara que a média das 165 embarcações que a Petrobras já possui.

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Compagás será sócia em alcoolduto

5 de outubro de 2009

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ENERGIA HOJE

05/10/2009

Compagás será sócia em alcoolduto

Felipe Maciel


Além da distribuidora estatal de energia Copel, o governo do estado do Paraná também participará do projeto do alcoolduto que ligará Maringá ao Porto de Paranaguá com a distribuidora de gás Compagas. A decisão foi anunciada nesta segunda-feira (5/10) pelo governador do estado, Roberto Requião.

“É uma iniciativa importante para o Paraná e para o Brasil e por isso conta com o apoio total do governo do estado”, afirmou Requião. O alcoolduto proposto vai escoar a produção paranaense e do Mato Grosso do Sul para exportação pelo Porto de Paranaguá.

A idéia do projeto, da empresa matogrossense Terra Verde Bionergia, é exportar a produção de etanol dos estados do Mato Grosso do Sul e Paraná através do Porto de Paranaguá. O ramal, que está orçado em R$ 1 bilhão, terá capacidade para transportar 4 bilhões de litros/ano de etanol a partir de 2014.

“Temos um combustível que é complementar ao petróleo, limpo, ecológico, e ainda mais barato. Já vendemos para a Europa, Ásia e Estados Unidos em grande quantidade e queremos ampliar ainda mais”, afirmou o presidente da Alcopar, Anísio Tormena.

A Compagás ainda estuda a forma da sua colaboração no projeto. “A empresa tem uma vasta experiência em construção de dutos para energia, como álcool é uma forma de energia, nós imaginamos que nós podemos contribuir bastante”, informou o assessor de planejamento da Compagas, Alexandre Haag.

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Para economista, pré-sal deve financiar transição energética

2 de outubro de 2009

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Valor Econômico

02/10/2009

Para economista, pré-sal deve financiar transição energética

Daniela Chiaretti

Para que a economia brasileira seja descarbonizada e esteja pronta a ser competitiva no mundo de 2020, o maior investimento necessário será em educação, pesquisa científica e no engajamento das empresas no processo de inovação tecnológica. Em paralelo, as riquezas do pré-sal têm que financiar a transição para outra matriz energética, aproveitando as vantagens comparativas do Brasil em biomassa, pequenas hidrelétricas, energia solar e eólica. “O pré-sal é uma benção, uma riqueza, mas é o passado”, diz nesta entrevista o economista e professor Sérgio Besserman Viana.

Besserman, que fez longa carreira no BNDES e presidiu o IBGE durante o governo Fernando Henrique, assina o capítulo “A Sustentabilidade do Brasil” do livro “Brasil pós-crise – Agenda para a Próxima Década”, organizado pelos economistas Fabio Giambiagi e Octavio de Barros. A obra, que acaba de sair (Editora Campus, 384 páginas, R$ 89), pretende estimular “propostas para que o Brasil de 2020 seja muito melhor que o de 2010”. Reúne textos de economistas e gente que pensa o Brasil. Coube a Besserman, junto com o colega José Eli da Veiga e o cientista político Sérgio Abranches, inserir os contornos da temática ambiental nesta pauta.

Os autores dizem ter tentado “introduzir na lógica econômica a consciência de que existem limites naturais em um planeta finito”. Eles explicam como enxergam o futuro: “A agenda do século XXI será presidida pelas escolhas sobre como considerar as perdas de capital natural”, dizem os autores. “E, nos próximos anos, as principais decisões na economia, na governança e na política mundial dirão respeito à intensidade, à velocidade e à forma como os custos da descarbonização dos processos produtivos e modos de consumo serão internalizados na economia de mercado.”

Garimparam informações diversas sobre o mundo do futuro. A Agência Internacional de Energia projeta um aumento de 50% da demanda energética até 2030, com dependência nos combustíveis fósseis, a continuar a toada atual. Lembram que é o padrão de consumo dos países desenvolvidos (e dos ricos e da classe média dos emergentes), o que soma cerca de 1 bilhão de pessoas no mundo, o grande responsável pelo nível atual das emissões de gases que provocam o efeito estufa. “Os demais 5 bilhões de humanos, especialmente centenas de milhões na China, Índia, Brasil, Rússia, México, entre outros que antes da crise estavam começando a superar os patamares da pobreza, ambicionam legitimamente e esforçam-se para alcançar exatamente o mesmo tipo de consumo.” Este é um dos impasses do acordo do clima que, se espera, seja assinado em dezembro, na CoP-15, a conferência do clima de Copenhague.

O desafio que o mundo tem pela frente é gigantesco. Reduzir até 2050 as emissões pela metade do que eram em 1990 significa imaginar que, em 2035, o mundo de 9 bilhões de pessoas não poderá emitir mais do que 9 bilhões de toneladas de carbono por ano – ou uma tonelada por pessoa. “Hoje as nações industrializadas emitem, em termos per capita, quatro vezes mais do que isso. As nações em desenvolvimento, por sua vez, emitem per capita quatro vezes menos do que isso”, pontua o texto. “E se há uma grande novidade histórica na primeira década do século XXI, pelo menos até a eclosão da crise, é a velocidade com que suas economias crescem e que suas populações expandem o consumo e, consequentemente, suas emissões.”

Para quem raciocina em termos de energia, os autores recorrem às premissas do físico Marcelo Gleiser que lembra que o consumo de energia mundial foi de 14 trilhões de watts em 2006. Projetando o aumento da população, um crescimento econômico modesto (1,6% ao ano) e um inacreditável aumento na eficiência do uso de energia (de 500%), mesmo assim o mundo usará 28 trilhões de watts em 2050, nas suas contas. Ou seja, mesmo com um esforço absurdo, o mundo usará o dobro de energia na metade do século.

Os autores refletem sobre o impacto da crise econômica, no curto prazo, na questão climática, com a óbvia redução nas emissões de gases-estufa decorrentes do refluxo no nível de atividades da economia mundial. Mas então apontam que a “lacuna da maioria dos diagnósticos atuais está em não considerar que não basta a retomada da confiança e do crédito para que esse processo possa ocorrer. A indefinição sobre as decisões globais relativas à descarbonização da produção e do consumo implica também incerteza sobre o futuro sistema de preços relativos na economia, tornando muito difícil o cálculo da taxa de retorno e aumentando a taxa de risco dos investimentos de prazo mais longo.” Touché. Sem acordo climático, o cenário econômico continua obscuro, aposta o trio.

Se a descarbonização da economia mundial é uma certeza, dizem, a velocidade com que as decisões serão tomadas é que é a grande dúvida. O atraso nas negociações de um acordo climático só aumentará a incerteza e os custos da transição, diz Besserman. Acordos mal costurados trazem o risco de fragmentação mundial e um protecionismo que já se insinua. A seguir, trechos da entrevista:

Valor: Qual o risco, na economia, de um atraso do acordo climático mundial? O que acontece se não for assinado em Copenhague?

Sérgio Besserman Vianna: O fracasso de uma negociação de acordo contra a mudança climática vai fazer com que os custos para combater o aquecimento global poucos anos à frente sejam muito mais elevados do que se iniciarmos hoje a transição. Ao mesmo tempo existirão também custos de fragmentação política e riscos de protecionismo.

Valor: O mundo, dizem vocês, pode sucumbir nos próximos anos à fragmentação e à tentação protecionista. O que imaginam?

Besserman: É um cenário indesejável e não muito provável, mas pode ocorrer de não haver um acordo eficaz contra o aquecimento global, ou acordos que não contem com a adesão generalizada e isso impulsiona o mundo na direção da fragmentação da governança global. Se houver um acordo e China, Índia e Brasil não entrarem, isto é um mundo que não encontra a governança global necessária para os desafios que tem pela frente.

Valor: E o protecionismo está se esboçando?

Besserman: Já está sugerido. Aparece por exemplo numa cláusula da lei climática já aprovada pela Câmara do Congresso dos Estados Unidos e que torna possível a adoção de medidas fortemente protecionistas contra produtos de países que não participem do acordo global da mudança climática. A lei não foi ainda aprovada no Senado e o presidente Obama fez um reparo admitindo o protecionismo desta cláusula. Mas a lógica econômica sugere que não é viável que os EUA passem a ter um custo para emitir gases de efeito-estufa e permitam desvio de comércio, produção e investimentos para países que não fazem parte do movimento geral contra o aquecimento global.

Valor: Porque esta cláusula é ameaçadora?

Besserman: Países que fizerem parte do acordo contra a mudança climática estarão impondo um custo na emissão de gases-estufa. Um determinado bem de consumo nos EUA se tornará mais caro por conta do custos de sua emissão. Suponha um país hipotético na Ásia, que não tem metas, não faz parte do acordo global e produz o mesmo bem… Poderia acontecer, por exemplo, de a produção dos EUA tender a ser desviada para aquele país, porque é mais barato. Mas isso não vai acontecer porque serão impostas barreiras comerciais ao país fora do acordo global. Este ponto está na agenda também com declarações recentes do presidente francês Nicolas Sarkozy na mesma direção. A OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) também tem se pronunciado sobre o tema.

Valor: Está no livro: a superação das energias sujas tem o potencial de se constituir no próximo grande boom de inovações e isto pode ser um impulso para a saída da crise. A China parece estar perseguindo esta trilha, mas também não quer abrir mão do carvão. Como fica?

Besserman: São cenários em aberto a depender do acordo global que pode acontecer agora em Copenhague ou não. Ali, depurando tudo, vamos estar precificando o custo de emitir gases-estufa. O tamanho da meta necessária para tentar atingir o objetivo fixado de não aquecer o planeta mais de 2 C sinaliza uma grande transição tecnológica, que diz respeito, num primeiro momento, à eficiência energética em geral, e um forte impulso às fontes renováveis de energia. Mas este é apenas o início. Porque em seguida vêm todas as mudanças decorrentes das alterações de preços relativos que tende a se acentuar porque as metas para 2050 são ainda mais radicais que as previstas para 2020. Vem uma grande transição pela frente, isto é certo, e quem acompanhar esta transição tecnológica vai se inserir competitivamente neste novo mundo. Quem não acompanhar, e se agarrar às formas do passado sem visualizar esta transição radical e profunda, corre o risco de ficar descompassado.

Valor: Como fica o Brasil na descarbonização de sua economia?

Besserman: É uma imensa oportunidade. Temos grandes vantagens comparativas neste mundo de baixo teor de carbono, como a nossa matriz energética, que já é mais limpa, ou políticas benéficas em si, como a redução do desmatamento da Amazônia. Temos que fazer modificações na logística, como no nosso setor de transportes. Estas vantagens comparativas podem se tornar vantagens competitivas.

Valor: Os senhores dizem que o maior investimento necessário para que a economia brasileira seja descarbonizada é em educação e tecnologia. Pode explicar?

Besserman: Esta nova economia tem enorme ênfase em conhecimento. Não só por conta das inovações tecnológicas necessárias para chegar a ela, mas porque seria um modo de produzir e consumir muito avesso a desperdícios e ineficiência. E isso depende de conhecimento.

Valor: Os senhores dizem que o Brasil está fazendo “diversos equívocos” no campo da energia. Falam das políticas que subsidiam o uso do carvão e das térmicas a óleo, mas também mencionam as hidrelétricas. Como assim?

Besserman: No caso das hidrelétricas é um não aproveitamento inteligente das possibilidades de integração com outras fontes renováveis, do potencial das pequenas hidrelétricas e de uma melhoria no padrão de gestão e transparência no caso das hidrelétricas maiores. No caso da energia em geral, é preciso ter claro que o futuro são as fontes renováveis e não emissoras de gases-estufa. O pré-sal é uma benção, uma riqueza, mas é o passado.

Valor: O passado?

Besserman: Sim, porque estamos nos preparando para o fim da civilização dos combustíveis fósseis.

Valor: Como fica esta “benção”?

Besserman: O uso inteligente do pré-sal é utilizar estes recursos para potencializar a transição para outra matriz energética, aproveitando as vantagens comparativas do Brasil em biomassa, solar, eólica, pequenas hidrelétricas. Sim, este é o futuro. Usar o recurso do pré-sal para ir a este futuro é maravilha. Mas apostar no mundo dos combustíveis fósseis e ficar estacionado nele seria um equívoco. Para mim, o risco é o país, em vez de mobilizar seus recursos para a transição tecnológica, acabar utilizando-os de forma a ficar ancorado no mundo do passado. Planejamento e política industrial mirando a transição tecnológica da matriz energética é muito importante. Neste novo mundo há riquezas equivalentes a muitos pré-sais.

Valor: Energia nuclear é opção?

Besserman: Desde que a custos suficientemente competitivos para compensar algumas externalidades negativas, como o lixo radioativo. E na condição de uma solução racional para o lixo radioativo nos próximos 300 a 500 anos, ela pode, sim, ter um papel importante na matriz do Brasil.

Valor: No caso da Amazônia, vocês lembram que não há um modelo a ser copiado. E agora?

Besserman: A questão da Amazônia é que definirá se o Brasil estará à altura da oportunidade que está à nossa frente. Porque ali, além do aprimoramento das políticas de monitoramento e gestão e de grandes avanços em iniciativas contra o desmatamento como a moratória da soja, nós precisaríamos dar um grande salto e criar, pela primeira vez na história um modelo de desenvolvimento sustentável para uma economia tropical.

Valor: Por que uma agenda para a Amazônia estará “necessariamente no centro de uma agenda de desenvolvimento brasileira para o século XXI”?

Besserman: Trata-se de um desafio civilizatório novo. Um país como o Brasil, que tem um pé na modernidade, terá que demonstrar pioneiramente a possibilidade de fazer o que o professor Carlos Nobre, do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), e a geógrafa Bertha Becker apresentam como o caminho para que o Brasil se torne uma potência ambiental. E isto é, basicamente, conhecimento.

Valor: Por que pensar o futuro da Amazônia apenas em termos de uma “economia um pouco mais sustentável, com seu povo um pouco menos pobre, é escolher a degradação no médio prazo?” Não é isso que está embutido no discurso dos países ricos ao dizer que é mais barato agir aqui do que lá?

Besserman: Acho que este discurso é mais nosso do que deles, de uma parte atrasada do Brasil que tem a ideia que a continuidade do tipo de ocupação atual leva a um verdadeiro desenvolvimento econômico e à emancipação social da região. Não leva e é quase uma ofensa ao futuro das populações que lá vivem. Elas não querem um pouco mais. Elas têm direito ao que a Amazônia tem ali de riqueza e pode oferecer ao Brasil e ao mundo. É um novo modelo de desenvolvimento.

Valor: Segundo os senhores, a Amazônia sustentável só é possível com um polo de desenvolvimento hightech, uma espécie de “silicon valley”. O que é isso?

Besserman: A sustentabilidade da floresta passa por sua capacidade de gerar valor. Esta geração de valor decorrerá, em parte, de acordos globais que precifiquem os serviços que a Amazônia presta ao mundo, mas em outra parte, de uma aplicação intensiva de conhecimento, de forma que os recursos ali disponíveis, especialmente o reservatório genômico, permitam a produção de riquezas.

Valor: O senhor mencionou que é preciso rever a política de transportes? Como?

Besserman: A construção de uma economia de baixo carbono no Brasil tem três grandes eixos. A Amazônia, a energia e a logística. O setor imediato a mexer aí dentro é transporte. É do maior interesse nosso redesenhar um modelo sustentável com forte redução de emissões e para o futuro. Isto significa conseguir, através de parcerias público-privadas rever a questão das ferrovias, hidrovias e navegação costeira e fazer um planejamento inteligente da integração de todos estes modais.

Valor: Este mundo novo contempla a pavimentação da BR-319, a Manaus-Porto Velho?

Besserman: Mesmo com todos os cuidados, a criação de áreas ambientais e planejamento, o que já seria um grande avanço, a pavimentação não deixa de ser a reprodução de um modelo de ocupação da Amazônia que tem se revelado ineficiente e fora do controle. Um mínimo de visão estratégica sugere que externalidades positivas recomendam o reexame da hipótese de hidrovias ou ferrovias.

Valor: Esta agenda, então, não é um limite ao crescimento?

Besserman: Não, apenas não é o limite como é o caminho para a inserção mais competitiva da economia brasileira na economia mundial.

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Licitação do trem de alta velocidade terá transferência de tecnologia como critério de escolha

30 de setembro de 2009

http://www.agenciabrasil.gov.br/noticias/2009/09/30/materia.2009-09-30.0642806627/view
30 de Setembro de 2009

Licitação do trem de alta velocidade terá transferência de tecnologia como critério de escolha

Pedro Peduzzi

Repórter da Agência Brasil

Brasília – A exemplo do que ocorre com a compra dos caças para a Força Aérea Brasileira, o governo federal pretende incluir a transferência de tecnologia entre os critérios adotados também para a escolha da empresa que desenvolverá o trem de alta velocidade que interligará Rio de Janeiro, São Paulo e Campinas.

“Sem dúvida nenhuma, a transferência de tecnologia é um aspecto considerado relevante pelo governo também nesse processo licitatório”, explicou hoje (30), à Agência Brasil, o secretário executivo do Ministério dos Transportes, Paulo Sérgio Passos, após participar do Seminário Ferroviário, realizado na Câmara dos Deputados.

“O que vamos fazer é estabelecer um conjunto de requisitos e de exigências no que diz respeito a esse ponto. Quem atender está dentro. Quem não atender está fora. Sem dúvida, esse projeto resultará na absorção de tecnologia de ponta para as indústrias brasileiras”, acrescentou.

Segundo o secretário, o governo já concluiu todos os estudos de demanda, de engenharia de traçado, além dos estudos operacionais e os relacionados aos custos do investimento, modelagem econômica e financeira do projeto. “No momento, estamos finalizando a minuta do edital e do contrato”, informou Passos.

“Queremos em dezembro deste ano colocar a licitação na rua, de tal forma que, no primeiro trimestre de 2010, saibamos quem é o vencedor”, completou o secretário.

O trajeto do trem de alta velocidade terá 510 quilômetros. Destes, 90,9 quilômetros serão em túnel (18%), 107,8 em pontes (21%) e 312,1 (61%) em superfícies. O custo previsto para a obra é de R$ 34,626 bilhões.

“O governo trabalha com um horizonte de cinco anos para que o projeto seja executado e concluído, mas é óbvio que cada licitante tem a sua avaliação, seus estudos e seu plano de ataque das obras. Por isso, evidentemente, vamos aguardar o que eles irão apresentar”, informou Passos.

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Investimento de R$ 74 bi agita o setor ferroviário

30 de setembro de 2009

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VALOR online

30/09/2009

Investimento de R$ 74 bi agita o setor ferroviário

Samantha Maia, de São Paulo

De 2003 a 2006, o setor ferroviário de passageiros teve sua produção voltada exclusivamente para o mercado externo

O trem-bala e a Copa de 2014 conduzirão R$ 74,4 bilhões em investimentos públicos para a indústria ferroviária, que quase desapareceu e ressurgiu nesta década. De 2003 a 2006, o setor ferroviário de passageiros teve sua produção voltada exclusivamente para o mercado externo. Agora, destina 15% ao mercado doméstico. De 2005 a 2008, a produção nacional de trens de passageiro cresceu 147%.

A perspectiva de lançamento do trem-bala São Paulo-Rio e de projetos de metrô e veículos leves sobre trilhos (VLT) em capitais que se preparam para receber os jogos da Copa de 2014 atraiu a atenção de empresas estrangeiras e levou multinacionais já instaladas no país, como Alstom e Bombardier, a cogitar a diversificação das linhas de produção. A espanhola CAF é uma das que chegaram ao país, inicialmente para atender encomenda de 48 trens da CPTM e 17 do Metrô de São Paulo. A perspectiva de novos contratos animou a empresa a se instalar em Hortolândia (SP) e cumprir a exigência contratual de 60% de nacionalização. O projeto não depende só do comportamento do mercado interno. A intenção é tornar a fábrica uma plataforma de exportação para a América Latina.

Há 15 anos, a Alstom se instalou no país atraída por uma onda de investimentos que não teve continuidade. A empresa, a única fabricante de trens de passageiros antes da entrada da CAF, conseguiu se manter com exportações. O cenário mudou em 2007 e de lá para cá fechou vários contratos para o Metrô e a CPTM, em São Paulo, VLTs e trens para Brasília. A companhia agora aguarda licitações em fase de preparação para mais 33 trens da CPTM e 26 trens do Metrô paulistano. “Se o mercado continuar dessa forma, pensamos em ampliação e em implantação de novas fábricas”, diz Ramon Fondevila, diretor-geral da Alstom.

O quadro de fornecedores nacionais aumentou por conta dos investimentos em andamento. O índice médio de nacionalização do setor hoje é de 70%, segundo dados do Simefre, entidade que reune fabricantes de materiais e equipamentos ferroviários e rodoviários. A Marcopolo, do segmento rodoviário, quer se tornar fornecedora para o setor ferroviário de passageiros. Segundo José Antônio Fernandes Martins, vice-presidente da empresa, o plano deve se confirmar com o projeto do trem-bala.

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“O tesouro da superfície” – Pré-sal e biocombustíveis

22 de setembro de 2009

http://www.biodieselbr.com/colunistas/gazzoni/tesouro-superficie-22-09-09.htm

BiodieselBR

terça, 22 setembro 2009

O tesouro da superfície

Décio Gazzoni

Conferência BiodieselBR

Ou eu sou muito inquieto, ou a sociedade brasileira é muito acomodada. Digo isto por uma série de motivos, dois dos quais me perturbam muito. O primeiro, é que perdemos a capacidade de nos indignar com corrupção, falcatruas, desmandos, desvios, criminalidade, injustiças – ou falta de justiça, ou ainda justiça demorada. O outro, que não necessariamente tem a ver com o primeiro, é que somos pautados com muita facilidade. Um assunto é posto em pauta, normalmente sem contraditório, e a discussão gira em torno de detalhes do tema: dificilmente as alternativas a ele são colocadas.

Intróito posto, vamos ao ponto. O Governo encaminhou ao Congresso a proposta de marco regulatório da exploração das jazidas de petróleo da região do pré-sal. Está dada a pauta, discute-se o pré-sal, se as reservas têm 30, 50 ou 90 bilhões de barris, se o sistema de exploração deve ser de partilha ou concessão, se os roialties ficam só com os estados beira-mar do pré-sal ou se todos deveriam ser beneficiados, se devemos criar um fundo soberano, se sobreviveremos à doença holandesa, entre outros. Ou seja, como diz o gaudério, giramos em volta do toco – e o toco é o pré-sal. De repente, não existe mais o problema das mudanças climáticas globais. A discussão pós Kyoto, que se inicia em dezembro, em Copenhagen, parece que foi adiada sine die.

De repente – não mais que de repente – convenientemente nos esquecemos que o Brasil possui a matriz energética mais limpa do mundo e que tem a obrigação de pugnar por preservar e ampliar este patrimônio. O emprego, a interiorização do desenvolvimento, as oportunidades democráticas de renda, não são mais prioridades. Ninguém mais lembra que a sociedade global caminha para um câmbio paradigmático, em que as energias renováveis substituirão, progressivamente, a energia fóssil e suja, ao longo deste século. E que o Brasil está fadado a ser o protagonista desta mudança, ser a locomotiva do novo paradigma, seja energia eólica, solar ou de biomassa.

Nova pauta
É neste ponto que a minha banda de controvérsia fica inquieta, pois não aceito pratos feitos. Ótimo que Deus tenha colocado dezenas de bilhões de barris de petróleo no nosso sub-mar. Porém, será que o mesmo Deus que provê é o que nos pregou uma peça? Tivéssemos descoberto esta riqueza há 50 anos, estaríamos esgotando a sua exploração, já teríamos nos saciado com sua riqueza, e poderíamos nos alinhar com a maior cara-de-pau ao discurso ambientalista do futuro. Mas, atirar-se na exploração do pré-sal sem esgotar a discussão das alternativas, quando o mundo busca, desesperadamente, livrar-se da energia suja, é uma ironia do destino – a revogação de nosso passado de bom comportamento ambiental no setor energético. Mas será que Deus foi tão sacana assim com o Brasil? Afinal, Deus não é brasileiro?

Parto da hipótese de que Deus é brasileiro, sim senhor. Colocou o petróleo escondido lá no pré-sal, para ser descoberto no momento errado, mas nos deu solo fértil e extenso e clima tropical adequado para produzir muita, mas muita biomassa. Um exagero de biomassa, coisa que nenhum outro país consegue produzir, de forma competitiva. E também colocou dentro de nossas fronteiras um povo com capacidade empresarial, mão de obra suficiente e adequada e criatividade para gerar tecnologia agrícola e industrial, para transformar solo e clima em alimentos e energia.

É aí que eu quero chegar. Em vez de discutirmos apenas a riqueza do petróleo do pré-sal, a 7.000m de profundidade, por que não discutirmos a riqueza que podemos extrair da biomassa, um inesgotável tesouro energético de superfície. A discussão que proponho é a seguinte: seria possível extrair a mesma quantidade de energia do pré-sal, a partir da agricultura de energia? Vou procurar demonstrar que é mais do que possível. A bem da verdade, podemos extrair muito mais energia, mas vou ficar nos limites da energia do pré-sal, que é a discussão do momento.

Premissas
Para demonstrar minha tese, elaborei um modelo matemático para calcular quantos hectares precisaríamos cultivar para extrair a mesma quantidade de energia de biomassa, que obteríamos com a exploração do petróleo do pré-sal. Para tanto, aceito sem discussão as premissas que estão sendo colocadas pelas fontes oficiais, quais sejam:

1. As reservas da área do pré-sal poderiam chegar, na hipótese mais otimista, a 90 bilhões de barris de petróleo. Ninguém arrisca dizer quanto disto seria recuperável. Para evitar qualquer discussão lateral, o modelo assume que seria possível extrair integralmente a estimativa máxima, que é de 90 bilhões de barris de petróleo;

2. No evento de lançamento do marco regulatório do pré-sal, foi afirmado que, em 2020, seria possível extrair 2 milhões de barris/dia (Mb/d) de petróleo do pré-sal (730 milhões de barris/ano – Mb/a). O modelo assume que, no primeiro ano, seriam extraídos 2 milhões de barris / dia (Mb/d) porém, a cada ano, este valor seria incrementado em 3%, até o esgotamento das reservas.

Aceitas estas premissas sobre o petróleo, vamos às premissas da biomassa:
1. Extrairíamos a mesma quantidade de energia que seria obtida do petróleo do pré-sal, porém obtida de cana-de-açúcar, ou de uma combinação de cana-de-açúcar e dendê. O Brasil possui inúmeras outras opções, as matérias primas poderiam ser diversificadas, porém simplificamos o modelo apenas para demonstrar a tese;

2. Da cana é possível extrair, atualmente, bioetanol e, no futuro, uma multiplicidade de biocombustíveis, ainda mais eficientes que o etanol. Do bagaço e da palha de cana é possível gerar bioeletricidade;

3. O modelo assume como conteúdo energético da cana o valor de 7,14GJ/t, correspondendo à energia contida no caldo, na bagaço e na palha. No modelo, este valor é fixo ao longo de todo o tempo – embora seja possível aumentar o teor energético da cana – a fim de evitar imputações de favorecimento da energia renovável;

4. Na mesma linha de ser duro com a energia renovável, o modelo assume que apenas 70% da energia contida na cana seriam efetivamente transformadas em biocombustíveis ou bioeletricidade, no ínicio do processo, prevendo eventuais quebras de safra ou ineficiências de transformação. Entretanto, considerando um horizonte de 50 anos, este valor diminui à metade no final do período, pelos ganhos tecnológicos que evitarão quebras de safra (por fatores bióticos ou abióticos) e pelo ganho de eficiência de conversão de energia;

5. Considera-se a média de produtividade inicial da cana de 100 t/ha, que já é obtida com facilidade pelas lavouras mais modernas. Considera-se um ganho de produtividade variável entre 1,5 e 2,4% ao ano, ao longo do período. Não foi considerada a possibilidade de irrigação, que aumentaria muito a produtividade de cana, para evitar discussões paralelas sobre competição no uso de água;

6. No caso do dendê, o modelo assume um conteúdo energético de 9,24MJ (cascas, bagaço e óleo) e uma produtividade inicial de 25 t/ha, com teor de óleo de 22%, o que está perfeitamente dentro dos valores razoáveis, com a tecnologia comercial disponível. O óleo de dendê seria aproveitado para a produção de biodiesel ou outro biocombustível, enquanto a casca e o bagaço seriam aproveitados para geração de bioeletricidade;

7. Assumiu-se uma perda de 10% na conversão de energia do dendê para biocombustível e bioeletricidade, valor fixo em todo o período, vez que a regularidade das chuvas no trópico úmido torna pouco provável quebras de produção. Para os ganhos de produtividade agrícola e industrial foram assumidos os mesmos valores utilizados para a cana.

Embora não seja possível extrair de imediato o petróleo do pré-sal, nos volumes acima referidos, o modelo assume que isto seria possível, apenas para permitir a comparação com as áreas de produção de cana e de dendê, que poderiam ser implementadas já no curto prazo.

A sequência de algoritmos do modelo prevê:
1. Calcular quantos barris de petróleo seriam extraídos por ano, do pré-sal;
2. Transformar este valor em unidades de energia (GJ);
3. Converter a energia do petróleo em equivalente de energia de biomassa (cana ou dendê), calculando quantas toneladas de biomassa seriam necessárias para obter a mesma energia;
4. Calcular a área necessária para obter o volume de biomassa calculado;
5. Corrigir a área obtida em função das quebras de safra ou ineficiências de transformação.

Resultados
A Figura 1 mostra o que aconteceria se, em vez de extrair petróleo do pré-sal, a sociedade brasileira optasse por produzir a mesma quantidade de energia, a cada ano, obtida integralmente de cana-de-açúcar. Seriam necessários, no primeiro ano, 7,26 milhões de hectares e no ano 51, quando as reservas do pré sal se esgotariam, cultivar-se-iam 10,6 milhões de hectares de cana. A energia obtida desta área equivaleria a extrair 2 Mb/d (ou 730 MB/a) no primeiro ano e 9,03 Mb/d (3.295 Mb/a), no ano 51.

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Figura 1. Área de cana-de-açúcar necessária para produzir a mesma quantidade de energia extraída do petróleo da região do pré-sal.

O leitor pode questionar que da cana não se obtém substituto do petrodiesel. Respondo com três argumentos: primeiro, no curto prazo, existem outros poços de petróleo em operação pela Petrobrás, que forneceriam o petrodiesel; segundo, já existe tecnologia comprovada e eficiente para substituir, parcialmente, petrodiesel por etanol, sem mudanças sensíveis nos motores; terceiro, já existe tecnologia em fase préindustrial, com microrganismos transgênicos, que transformam a sacarose da cana em hidrocarbonetos lineares, saturados, de cadeia média, quimicamente semelhantes ao petrodiesel (que já são chamados de diesel vegetal), e que podem ser utilizados sem mudanças nos motores. O processo de transformação da sacarose para diesel vegetal é mais eficiente que a transformação para etanol, o que significa ganhos de energia, que não foram computados no modelo, para evitar discussões desnecessárias de favorecimento da energia de biomassa.

As Figuras 2 a 4 representam um cenário em que 50% da energia equivalente ao petróleo extraído, anualmente, da região do pré-sal seriam obtidos de cana e 50% de dendê. Pelo exame da Figura 2 verifica-se que seriam necessários, inicialmente, 3,6 milhões de hectares de cana e, no ano 51 (esgotamento das reservas do pré-sal), 5,3 milhões de hectares, para obter energia equivalente à metade do petróleo que seria extraído do pré-sal. Já a Figura 3 mostra a energia obtida com a cultura do dendê, para obter outros 50% de energia equivalente ao petróleo do pré-sal. Neste caso seriam necessários, inicialmente, 9,5 milhões de hectares e, ao final do período, 15,6 milhões de hectares para produzir 50% da energia que seria obtida, anualmente, com o petróleo do pré-sal.

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Figura 2. Área de cana-de-açúcar necessária para produzir 50% da energia extraída do petróleo da região do pré-sal.

Figura 3. Área de dendê necessária para produzir 50% da energia extraída do petróleo da região do pré-sal.

A Figura 4 consolida as duas áreas necessárias (de cana e de dendê), mostrando que, no final do período, quando seria maior a demanda de energia, estaríamos utilizando 21 milhões de hectares, o que significa, aproximadamente, a área cultivada atualmente com soja no Brasil, ou meros 2,47% do território nacional!

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Figura 4. Área total de cana-de-açúcar e de dendê necessárias para produzir o equivalente em energia extraída do petróleo da região do pré-sal.

Discussão
Algumas questões podem ser levantadas, portanto melhor respondê-las a priori. Por exemplo:

– O Brasil dispõe da área necessária para plantar a cana, ou o dendê e a cana, para obter a mesma energia equivalente à do petróleo extraído do pré-sal?

Seguramente dispõe. E ousaria afirmar que não precisaríamos derrubar uma única árvore para tanto, o que atende tanto à determinação do Presidente Lula, quanto a luta das ONGS ambientais, sem falar na pressão dos governos de outros países.

Poderíamos cultivar toda a cana e todo o dendê apenas aproveitando as áreas já antropizadas, de pastagens degradadas, de baixa eficiência. Estima-se que, do total de 170 milhões de hectares de pastagens do Brasil, cerca de 25% se encontram em estágio avançado de degradação, com baixa eficiência produtiva. Melhorando em apenas 25% os índices médios de lotação e de idade de abate do gado de corte (que, diga-se de passagem, não fazem jus ao estado da arte da tecnologia pecuária disponível no Brasil), liberaríamos mais de 40 milhões de hectares de pastagens degradadas. Entretanto, no cenário de maior demanda de área, não precisaríamos nada além de 21 milhões de hectares para produzir a mesma energia que seria extraída dos 90 bilhões de barris de petróleo do pré-sal.

– E os fertilizantes? De onde viriam?

A cana, além de grande fornecedora de energia, também fornece água e fertilizantes. Como o fósforo e, principalmente, o potássio não são exportados, porém permanecem na torta de filtro, nas cinzas e na vinhaça, os nutrientes retornam em grande parte para a lavoura de cana. Temos grandes reservas sub-aproveitadas de fósforo, em diversos pontos do território nacional. Também temos grandes reservas de potássio, que nunca foram aproveitadas. Dispomos de tecnologia para fixar parte do nitrogênio requerido pela cana, através de bactérias endofíticas, sem necessidade de adubação. A renovação dos canaviais, a cada 5 anos, pode ser efetuada com soja ou amendoim, que deixam uma parcela do nitrogênio no solo. O cultivo intercalar de leguminosas com o dendê pode prover outra parte. E, o restante, pode ser obtido a partir da síntese utilizando como insumo industrial as reservas de gás dos atuais poços que a Petrobrás já opera.

– E quais seriam as vantagens de produzir energia de biomassa, ao invés de extrair petróleo?

Vamos enumerá-las:
1. Do ponto de vista econômico, as diferenças seriam pequenas, posto que o mercado se ajustaria aos custos e à demanda. Sob a ótica da arrecadação de impostos, não haveria muita diferença entre obter energia de uma ou outra fonte. Do ponto de vista comercial, estaríamos em linha com as tendências mundiais de uso de energia limpa, portanto um mercado ascendente nos próximos anos.

2. Do ponto de vista ambiental, evitaríamos a emissão de 43 bilhões de toneladas de gás carbônico, resultante da queima do petróleo. Este valor foi obtido utilizando a metodologia desenvolvida pelo Prof. Horta Nogueira (UNIFEI), que demonstrou que o ciclo fechado do carbono dos biocombustíveis produz uma emissão líquida de apenas 9-10% do equivalente em massa de combustível fóssil. No caso da substituição de gasolina por bioetanol, o Prof. Horta Nogueira demonstrou que, enquanto 1.000 litros de gasolina produzem uma emissão líquida de 3.368 kg de CO2, o mesmo volume de bioetanol produz emissões líquidas de apenas 309 kg de CO2. Evitar este fabuloso volume de emissões de gases de efeito estufa representará um privilegiado patrimônio geopolítico para o país, que poderá lançar mão deste crédito em negociações internacionais, acordos sobre energia, comércio ou de outra ordem.

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Figura 5. Emissões de CO2 evitadas, anualmente, com a substituição de combustíveis provenientes do petróleo do pré-sal por biocombustíveis.

3. Do ponto de vista de saúde pública, basta lembrar que a Organização Mundial de Saúde – OMS divulgou recentemente que 3 milhões de pessoas morrem, anualmente, devido aos efeitos da poluição atmosférica, sendo parcela ponderável atribuída aos poluentes liberados pela queima de combustíveis fósseis. A cidade de São Paulo gasta, por ano, US$ 208 milhões com os efeitos da poluição atmosférica sobre a saúde humana. A estimativa considera apenas os custos diretos que a cidade tem com as doenças e mortes causadas pelo coquetel de gases que os paulistanos inalam toda vez que enchem os pulmões. Estudos do Laboratório de Poluição Atmosférica Experimental da Faculdade de Medicina da USP mostram que poluição atmosférica mata oito pessoas por dia, em média, na cidade de São Paulo. Em dias em que há paralisação do metrô e consequente aumento na concentração de poluentes, ocorrem nove mortes a mais do que nos dias pós-greve. Quem vive em cidades poluídas como São Paulo tem a vida abreviada em 2,5 anos. Todo este sofrimento humano poderia ser evitado com o uso de biocombustíveis, eliminando os particulados emitidos pelos combustíveis derivados de petróleo.

4. No tocante à geração de empregos, diversos estudos podem ser citados. Primeiro, um estudo da Embrapa demonstrou que uma lavoura de dendê de 5 hectares gera renda suficiente para atender, com dignidade, as necessidades de uma família. Supondo que a família se componha de 4 pessoas, na média dos 50 anos de duração das reservas do pré-sal, seria possível gerar renda para um conjunto de mais de 10 milhões de cidadãos. Em relação à lavoura de cana, o Prof. José Goldemberg, da USP, demonstrou que, por unidade de energia produzida, a produção de bioetanol, em comparação com as cadeias de carvão mineral, hidroeletricidade e petróleo necessita, respectivamente, de 38, 50 e 152 vezes mais mão de obra. O prof. Leal, da Unicamp, refere que, durante a vida útil total de um veículo (15 anos), é necessário 6 vezes mais mão de obra caso se utilize a mistura de 24% de bioetanol na gasolina, ou 21 vezes mais, quando se utiliza 100% bioetanol, comparativamente ao mesmo veículo movido exclusivamente a gasolina. Estudos da ÚNICA e do MAPA (2004) mostraram que, para cada milhão de litros de etanol produzidos, foram gerados 37 empregos diretos no campo e, para cada emprego direto, entre 1 e 3 empregos indiretos. Baseados nestes números, seriam gerados mais de um milhão de empregos diretos e mais de 2 milhões de empregos indiretos, considerando apenas a cadeia do bioetanol (no cenário com 50% da energia obtida da cana). Caso toda a energia seja obtida da cana, seriam 2 milhões de empregos diretos e 4 milhões indiretos. Enquanto isso, de acordo com o Prof. Goldemberg, o petróleo do pré-sal geraria apenas e tão somente 12.000 empregos diretos e 24.000 indiretos. Estes números nos obrigam a pensar na empregabilidade dos nossos filhos e netos e posicioná-la na discussão do pré-sal.

5. A cada 5 anos é necessário renovar o canavial. A cultura de dendê permite intercalar cultivos, até o terceiro ano. Nesta condição, teríamos o bônus de aumentar a produção de alimentos em 15-20%, sem expandir a área cultivada, favorecendo, especialmente, a agricultura familiar.

6. Finalmente, e de extrema importância. Estamos no ano de 2061 e as reservas de petróleo do pré-sal acabaram. Porém, a demanda de energia no Brasil e no mundo continua crescendo. Como atendê-la? No caso do petróleo, não sei responder, a não ser reafirmar que não acredito que a sociedade mundial continuará com a atitude suicida de empestar a atmosfera queimando energia suja, até a metade deste século. Entretanto, no caso da biomassa tenho a resposta pronta: continuaremos produzindo cada vez mais alimentos e mais energia, por séculos e séculos, porque se trata de uma fonte não apenas limpa mas, principalmente, renovável. Os 21 milhões de hectares que foram utilizados por 50 anos para produzir energia, continuarão à nossa disposição para a finalidade que a sociedade lhe destinar. Esta é uma das grandes vantagens estratégicas que devem nortear a reflexão de todos nós.

Entendo o interesse e o frisson em torno do pré-sal, a única grande incorporação de reservas de petróleo do mundo, nas últimas décadas. Entendo, perfeitamente, as razões das companhias petrolíferas – nacionais e multinacionais. Entendo as razões das empreiteiras e de toda a cadeia do petróleo. Entendo as razões dos políticos e de todos quantos defendem a exploração imediata e total desta riqueza.

Entretanto, julgo que, neste momento histórico em que se busca a segunda independência do Brasil, ser necessário analisar as alternativas de que dispomos, de espírito aberto, buscando equilibrar na balança do bom senso, o que é melhor para o Brasil e para o mundo – afinal, também vivemos no mundo. E um mundo melhor – com menos problemas climáticos, com menos problemas de saúde, com mais emprego (e menos criminalidade), com melhor distribuição de renda, com interiorização do progresso, com múltiplas oportunidades para pequenas e médias empresas, com garantia de atendimento da demanda de energia além do horizonte do fim da era do petróleo – interessa a todos.

Não tenho a pretensão de que os números aqui apresentados sejam precisos, menos ainda exatos, pois trata-se de um modelo de simulação matemática. De resto, os números do pré-sal também não são precisos ou exatos. O objetivo deste artigo é mostrar que outro mundo é possível: um mundo com menos poluição, mais emprego, mais renda, mais justiça, provocando uma reflexão do leitor por um ângulo que não lhe havia sido apresentado anteriormente. Feliz do povo que pode escolher entre alternativas, quando o restante do mundo se bate, desesperadamente, por uma solução para a crise energética – mesmo que a solução signifique o aprofundamento do problema.

Como queríamos demonstrar, Deus é brasileiro, sim. Nós, brasileiros, é que precisamos entender, corretamente, os desígnios divinos. E, para entendê-los, melhor não nos bitolarmos e não restringirmos a discussão apenas à pauta que nos é empurrada goela abaixo, buscando uma solução que seja a melhor para todos. E que pode ser até uma combinação entre o que expus acima e retirar apenas um terço do petróleo do pré-sal, impondo um imposto poluição para, através de serviços ambientais, limpar a sujeira causada pela sua queima.

Décio Gazzoni é Engenheiro Agrônomo, membro do Painel Científico Internacional de Energia Renovável.

http://www.biodieselbr.com/colunistas/gazzoni/tesouro-superficie-22-09-09.htm

Itaipu: Aeronaves não-tripuladas fazem exibição

21 de setembro de 2009

http://www.itaipu.gov.br/?q=pt/node/435&id_noticia=2920

ITAIPU – SALA DE IMPRENSA

21/09/2009

Aeronaves não-tripuladas fazem exibição

O Ecomuseu serviu de base para a demonstração de três veículos aéreos não tripulados, na última sexta-feira (18). Os equipamentos são alternativas aos grandes, barulhentos e caros helicópteros e aviões utilizados em operações de reconhecimento. A demonstração contou com a presença do DGB, Jorge Samek, e do prefeito Paulo MacDonald, além de representantes de órgãos de defesa e da segurança pública.

Como um bom vigia, de longe ele passa despercebido. Silencioso, parece um pássaro despretensioso rondando lá do alto. Sem se dar conta, quem passou pela Ponte da Amizade na tarde da última sexta-feira (18) pode ter sido “espiado” pela ave sorrateira que, na verdade, era um dos veículos aéreos não tripulados (VANTs) demonstrados em Foz do Iguaçu. Pequenos e parecidos com aeromodelos, os equipamentos são alternativas aos comparativamente grandes, barulhentos e caros helicópteros e aviões convencionalmente utilizados em operações de reconhecimento.


Os aviões são lançados à mão e não exigem pistas  para decolagem  e pouso
O Ecomuseu serviu de base para o lançamento e acompanhamento da apresentação de três diferentes modelos de aviões. Com muito interesse, representantes da Itaipu acompanharam tudo de perto: a empresa está avaliando a possibilidade de adquirir ou contar com os serviços dos VANTs para monitorar o reservatório e suas áreas de proteção ambiental

A demonstração contou com a presença do diretor-geral brasileiro, Jorge Samek, e do prefeito de Foz do Iguaçu, Paulo MacDonald. Também compareceram integrantes das Forças Armadas e de diversos órgãos de segurança pública. Entre eles, Aeronáutica, Polícia Federal, Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Polícia Civil, Polícia Militar e Guarda Municipal.


De longe, o pequeno VANT mais parece um pássaro
Os aviões são fabricados pela AeroVironment, empresa norte-americana sediada na Califórnia, e importados pela Comtex, primeira indústria brasileira especializada na área de tecnologia em monitoramento por vídeo. A AeroVironment conta com 14 mil aviões semelhantes aos apresentados em Foz do Iguaçu voando pelo mundo.

A Comtex se propôs a fazer uma apresentação à prefeitura, que se interessou e pediu para a Itaipu ceder espaço para a demonstração. O Ecomuseu foi o local escolhido em função da proximidade com o Rio Paraná e da distância em relação às grandes linhas de transmissão de energia.
Mais barato

A grande virtude dos VANTs, apontada dos pelos especialistas presentes na demonstração, é o preço. Segundo Sérgio Nercessian, diretor comercial da Comtex, uma operação com o avião não tripulado custa, em média, “cerca de 5% a 10% do valor que seria gasto em um voo de helicóptero”.
De acordo com Rogel Abib Zattar, superintendente de Segurança Empresarial, a Itaipu está no aguardo da apresentação detalhada dos custos de operação para, então, avaliar a relação custo/benefício. “Talvez, nesse momento, em vez da compra, o mais interessante seja a prestação de serviços, mas não se descarta a aquisição, embora isso exija a formação de equipes devidamente treinadas”, afirma Zattar.


Monitor mostra a aduana na Ponte da Amizade: a qualidade da imagem é nítida
Se houver a recomendação por parte da Segurança Empresarial, a diretoria da Itaipu está disposta a encampar a ideia. “Como é algo necessário, a gente estuda, vê o preço, similares no mercado e se coloca em orçamento dentro do período adequado”, ressalta Samek. “Os aviões podem ser úteis inclusive para o acompanhamento dos nosso programas ambientais, como a instalação de cercas e plantação de árvores”, complementa o DGB.

O prefeito Paulo McDonald, que diz ter ficado “impressionado com a apresentação”, também não descarta o uso dos VANTs pelo município. “Não esperava que tanta tecnologia coubesse em um artefato tão pequeno assim”, afirma. “Nessa fase de aprimoramento dos instrumentos de combate ao crime, seria de grande ajuda para a utilização nas ações conjuntas da Guarda Municipal com as polícias Militar e Civil”, diz o prefeito.

Os aviões

Três modelos, de diferentes tamanhos e preços, foram demonstrados. O maior (Puma AE, de 2,8 metros de envergadura) tem custo estimado em 500 mil dólares; o médio (Raven RQ-11B, de 1,4 m de envergadura), em 300 mil dólares; e o menor (Wasp III, de 72 centímetros de envergadura), em 250 mil dólares.
Eles são equipados com câmeras de zoom potente, infravermelho (para operação noturna), são elétricos (não usa combustível) e não requerem grandes espaços ou pistas de lançamento. A decolagem é feita à mão, com uma pessoa em pé. Os voos são pré-programados e podem ser operados em terra, por um sistema de controle remoto. A altitude varia de 150 a 300 metros de altura e, a velocidade, de 40 a 83 quilômetros por hora. O acompanhamento é feito por monitores instalados em terra.

http://www.itaipu.gov.br/?q=pt/node/435&id_noticia=2920

Pesquisadores desenvolvem combustível para a aviação a partir de óleos vegetais

21 de setembro de 2009

http://www.unicamp.br/unicamp/unicamp_hoje/ju/setembro2009/ju442pdf/Pag04.pdf

Jornal da Unicamp

21 a 27 de setembro de 2009

Pesquisadores desenvolvem combustível para a aviação a partir de óleos vegetais

Grupo da FEQ avança na busca de bioquerosene mais barato, menos poluente e com alto grau de pureza

Da redação

Da esq. para a dir., os pesquisadores Nívea de Lima da Silva e César Benedito Batistella, e os professores Rubens Maciel Filho e Maria Regina Wolf Maciel: produção em duas etapas (Foto: Antoninho Perri)

Da esq. para a dir., os pesquisadores Nívea de Lima da Silva e César Benedito Batistella, e os professores Rubens Maciel Filho e Maria Regina Wolf Maciel: produção em duas etapas (Foto: Antoninho Perri)



Uma equipe da Faculdade de Engenharia Química (FEQ) da Unicamp, composta pelos professores Rubens Maciel Filho e Maria Regina Wolf Maciel, e pelos pesquisadores César Benedito Batistella e Nívea de Lima da Silva, desenvolveu tecnologia e depositou patente, por meio da Inova/Unicamp, para um processo de produção de bioquerosene a partir de óleos vegetais. O produto poderá substituir com diversas vantagens o querosene usado como combustível de aviões. Além de ser mais barata, essa alternativa energética é menos poluente, pois não é emissora de enxofre, de compostos nitrogenados, de hidrocarbonetos ou de materiais particulados. Depois da patente, o próximo passo é o estudo da produção em escala industrial. O grupo pretende repassar a tecnologia para empresas interessadas em produzir o bioquerosene.

O processo para sua obtenção desenvolvido pela equipe da Unicamp é composto de duas etapas. Na primeira, depois de extraído da planta e refinado, para a retirada de impurezas, o óleo vegetal é colocado em um reator, junto com o catalisador e uma quantidade pré- determinada de álcool, no caso etanol. A quantidade de etanol utilizada no processo foi otimizada através de extensivos estudos e é um ponto importante do processo. “O papel do catalisador é acelerar a reação química e fazer com que ela ocorra em uma temperatura mais baixa”, explica Maciel Filho.

Dentro do reator ocorrem as reações de transesterificação e / ou esterificação que levam à formação do éster (bioquerosene). A reação do álcool com o óleo vegetal é chamada de transesterificação.

O etanol foi o álcool escolhido pela equipe para o processo, por ter baixa massa molar e ser um reagente não-agressivo e renovável. Ele reage com o ácido graxo, dando origem ao bioquerosene. Além disso, o processo gera como subprodutos glicerina, água e o que sobra do etanol não consumido nas reações. Após a separação desses compostos indesejados, o óleo fica mais fino e com menor viscosidade.

A produção de um biocombustível a partir de óleos vegetais é conhecida. A inovação agora é sua qualidade específica e seu uso em produtos aeronáuticos dentro de padrões mais exigentes. Outra novidade deste processo, nessa fase da tecnologia desenvolvida pela equipe da Unicamp, é o balanço preciso das diversas variáveis envolvidas nas reações químicas e também a purificação as quais resultam no bioquerosene com as propriedades desejadas. “Para se obter alta conversão de óleo vegetal em bioquerosene e maximizar a produção no menor tempo possível é preciso saber as quantidades exatas a serem usadas de cada componente da reação e definir as condições apropriadas de operação”, explica Maciel Filho. “É preciso dosar com precisão a proporção de óleo vegetal, álcool e catalisador, além da temperatura mais adequada”, acrescenta.

Mas isso não é tudo. Trata-se apenas da primeira etapa da produção do bioquerosene. A segunda, a mais importante, é a separação de todos os produtos da reação, ou seja, o isolamento do éster, do catalisador, da água e da glicerina. Reside aí a grande inovação do processo de produção do bioquerosene desenvolvido pela equipe de Maciel Filho. O isolamento é feito em uma unidade de separação intensificada, em condições de temperatura e pressão que possibilitam a obtenção do bioquerosene de forma economicamente viável e que atende aos requisitos para o querosene de aviação estabelecidos pela Agência Nacional do Petróleo (ANP).

Análises

Esse último ponto foi confirmado por análises realizadas na Unicamp e no Instituto de Pesquisa Tecnológicas de São Paulo (IPT). Na verdade, não existem, no Brasil, instituições que possam atestar se o produto obtido atende às especificações do querosene de aviação. “Contudo, os resultados das análises feitas na Unicamp e no IPT foram comparados com a Tabela de especificação do querosene de aviação da ANP”, explicam os pesquisadores. “Ficou demonstrado que o bioquerosene possui características semelhantes às do querosene de aviação.”

Embora haja uma série de pesquisas e diversos biocombustíveis sendo testados em várias partes do mundo, inclusive no Brasil, a equipe não identificou processo/produto similar ao desenvolvido. Apesar de ser comentada a existência de experimentos e realizações de testes fazendo uso de bioquerosene, não foi identificada patente na literatura técnica que fizesse uso do mesmo processo, comenta Maciel Filho. “Também não foi encontrado no mercado produto identificado como bioquerosene”.

O professor da FEQ ressalta que pode não haver um produto exatamente igual, mas já existem companhias aéreas com aviões voando experimentalmente movidos a biocombustíveis. É o caso da americana Continental Airlines, que anunciou recentemente a realização do primeiro vôo de demonstração, com o uso de biocombustível, realizado no dia 7 de janeiro em Houston, no estado do Texas, nos Estados Unidos. Assim, as pesquisas realizadas pelo grupo da Unicamp podem contribuir com o desenvolvimento de processos de produção viáveis para a obtenção de biocombustíveis para a aviação por propulsão a jato, um segmento importante nos transportes, estando no âmbito do empenho mundial na redução da emissão de poluentes, avaliam os pesquisadores.

Os biocombustíveis, como o bioquerosene, têm ainda outra vantagem em relação aos combustíveis tradicionais: eles são provenientes de fontes renováveis. “Além disso, sendo produzido a partir de fontes renováveis e obtidas no País, o bioquerosene poderá contribuir para a independência tecnológica nacional, além de agregar valor à matéria-prima”, dizem os pesquisadores.

Jornal da Unicamp, Campinas, 21 a 27 de setembro de 2009 – ANO XXIV – Nº 442

http://www.unicamp.br/unicamp/unicamp_hoje/ju/setembro2009/ju442pdf/Pag04.pdf

Etapa do Projeto de Turbina Aeronáutica de Pequena Potência de 5000 N (TAPP 5000) é concluída com sucesso

20 de agosto de 2009

Instituto de Aeronáutica e Espaço – IAE

20/08/2009

Etapa do Projeto de Turbina Aeronáutica de Pequena Potência de 5000 N (TAPP 5000) é concluída com sucesso

Contribuição: Divisão de Propulsão Aeronáutica

http://www.iae.cta.br/noticias/20082009_etapa_projeto_turbina_aeronautica.php

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Figura 1: Duto de escapamento de gases do banco da TAPP.


Uma importante etapa de implantação da infraestrutura de ensaios do projeto TAPP 5000 (Turbina Aeronáutica de Pequena Potência de 5.000 N de empuxo) foi concluída com sucesso, no dia 21 de julho de 2009, através da especificação, da fabricação e da montagem do duto de escapamento de gases de combustão (figura 1) do banco de ensaios da Divisão de Propulsão Aeronáutica (APA) do IAE. A idealização do banco de ensaios completo é apresentada na figura 2, onde se pode identificar o posicionamento do duto de escapamento.

Entenda o Projeto TAPP 5000

O projeto TAPP 5000 tem como objetivo desenvolver e fabricar um modelo de engenharia de um turborreator para utilização em aeronaves não-tripuladas que pesem até 1,5 toneladas. Atualmente, a TAPP encontrando-se em fase de fabricação do primeiro motor pela empresa TGM Turbinas, parceira do projeto por meio da FINEP.

Iniciado formalmente em novembro de 2005, está previsto no cronograma do projeto TAPP 5000 a conclusão da montagem e a instalação do primeiro protótipo no banco de ensaios (figura 2) até o final de 2009, quando se iniciarão os ensaios de desenvolvimento. Até a conclusão do projeto, previsto para dezembro de 2010, serão construídos dois dos protótipos da TAPP.

Figura 2: Idealização do banco de ensaios completo da TAPP

Figura 2: Idealização do banco de ensaios completo da TAPP.

A TAPP é composta por um compressor axial com cinco estágios, uma câmara de combustão anular de fluxo direto e uma turbina axial de um único estágio, conforme a ilustração da figura 3.

Figura 3: Idealização da TAPP

De Olho na História

O projeto TAPP é a terceira turbina aeronáutica desenvolvida pela APA. Historicamente, o Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE), por meio da Divisão de Propulsão Aeronáutica, tem conduzido um programa de turbomotores desde a década de 1970. Tal programa permite o domínio da tecnologia de concepção, desenvolvimento, fabricação, ensaios, operação e utilização destes motores.

Dentro do programa de turbomotores (ou turbinas a gás), destacam-se os projetos aeronáuticos: 1) Projeto Parayba I: projeto, fabricação e homologação de unidade aerotransportável para partida da aeronave AT-26 Xavante (1976); 2) Projeto TJ-2: concepção, projeto e construção de modelos experimentais de um turbojato de 320 N de empuxo (1983), financiado pela CBT – Companhia Brasileira de Tratores e pelo COMAER; e 3) Projeto TPP 1000 (TJ-10): concepção e projeto de modelos experimentais de um turbojato de 1000 N de empuxo (1984), financiado pela FINEP-FNDCT. Estas duas últimas turbinas aeronáuticas mereceram a publicação de artigo em revista internacional da American Society of Mechanical Engineers (ASME 90GT196).

A TJ-2 foi, portanto, a primeira turbina a gás aeronáutica concebida e fabricada no Brasil. A TJ-2 funcionou com querosene de aviação (QAV-1), álcool hidratado, GLP, GNV e fez os primeiros ensaios com os combustíveis experimentais Prozene e Prodiesel. Após sua fabricação, a TJ-2 foi instalada no Veículo Aéreo Não-Tripulado (VANT) da CBT (figura 4) onde executou corrida em pista na cidade de São Carlos – S.P.

Figura 4: TJ-2, a primeira turbina aeronáutica do Brasil, instalada no VANT da extinta CBT, que executou corrida em pista na década de 80

Figura 4: TJ-2, a primeira turbina aeronáutica do Brasil, instalada no VANT da extinta CBT, que executou corrida em pista na década de 80


http://www.iae.cta.br/noticias/20082009_etapa_projeto_turbina_aeronautica.php

Presidente Fernando Lugo visita Itaipu

31 de julho de 2009

http://www.itaipu.gov.br/?q=pt/node/435&id_noticia=2828

Itaipu – Sala de Imprensa

31/07/2009

Presidente Fernando Lugo visita Itaipu

Pela primeira vez desde que foi eleito, o presidente paraguaio Fernando Lugo visitou Itaipu. Lugo foi recebido pelo diretor-geral brasileiro, Jorge Samek, e pelo diretor-geral paraguaio, Carlo Mateo Balmelli, além de outros diretores de Itaipu, na tarde desta quinta-feira (30). Ele plantou uma muda no Bosque dos Visitantes da margem paraguaia, conheceu áreas de Itaipu, como a Subestação da Margem Direita, e fez um test-drive no carro e no caminhão elétrico. Integraram a comitiva de Lugo o presidente da Ande, Sixto Amarilla, além de ministros e governadores paraguaios.


Presidente Fernando Lugo com o diretor-geral brasileiro, Jorge Samek, e o diretor-geral paraguaio, Carlo Mateo Balmelli
A visita de Lugo acontece cinco dias após a assinatura do acordo, com o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, a respeito das concessões que o governo brasileiro fará ao governo paraguaio em relação à Itaipu. O objetivo do acordo, assinado em Assunção, no último dia 25, é conceder ao Paraguai vários benefícios, entre os quais o aumento no valor da energia cedida

Lugo afirmou que, após a assinatura do acordo, os governos brasileiro e paraguaio têm mais coincidências e pontos em comum sobre temas como Itaipu, comércio internacional e questões comerciais, econômicas e culturais. “O dia 25 de julho ficará marcado como uma nova etapa da relação bilateral entre Brasil e Paraguai: será o nosso dia da amizade, como o nome da ponte que liga nossos dois países”, disse.


O presidente Lugo conheceu o projeto do veículo elétrico durante a visita
O presidente Lugo e Jorge Samek plantaram mudas no bosque da margem direita. “Essa relação de amizade, simbolizada nesse plantio ao lado do diretor-geral brasileiro, Jorge Samek, não é apenas simbólica, mas real”, disse Lugo. “É assim que devemos caminhar, essa é a determinação que recebo do presidente Lula, essa é a vontade do presidente Lugo, juntos Brasil e Paraguai cada vez mais fortes”, completou Samek.

Após o plantio, Lugo conheceu o mirante do vertedouro, na margem direita. Balmelli e Samek mostraram o projeto do futuro mirante, que vai revitalizar esta área turística de Itaipu. Os diretores também mostraram onde será construído futuramente o teleférico sobre o vertedouro.


Samek presenteia Lugo com uma réplica da Unila, símbolo da integração

A comitiva se reuniu, então, na sala da Diretoria Executiva, onde foi servido um almoço. Na ocasião, Samek presenteou Lugo com uma réplica do Portal do Conhecimento, o monumento que simboliza a futura Universidade Federal da América Latina (Unila), cujo campus será construído no terreno cedido por Itaipu. Lugo também foi presenteado com uma peça de artesanato do Programa Ñandeva.


G8 vincula segurança energética à luta contra aquecimento

25 de maio de 2009

http://www.estadao.com.br/vidae/not_vid376706,0.htm
segunda-feira, 25 de maio de 2009

G8 vincula segurança energética à luta contra aquecimento

Grupo se comprometeu a apresentar 20 projetos antes de 2010 para o desenvolvimento de tecnologias limpas

Efe

ROMA – Os membros do Grupo dos Oito (G8, que reúne os sete países mais desenvolvidos e a Rússia) vincularam o futuro de um uso energético eficiente e seguro com a luta contra a mudança climática, no documento final que divulgaram nesta segunda-feira, 25, ao término de dois dias de reuniões em Roma sobre os desafios na área.

Por isso, anunciam que, além de buscar um futuro de segurança energética, os países mais industrializados contribuirão “ao sucesso da Convenção da Mudança Climática de Copenhague, que será realizada no final de 2009”.

Os ministros da Energia de Estados Unidos, Japão, Alemanha, Reino Unido, França, Itália, Canadá e Rússia concluíram hoje dois dias de reuniões com representantes de outras 15 grandes economias, como China, Brasil ou México, para tentar conseguir um uso mais eficiente da energia.

“Reconhecemos que os desafios vinculados à mudança climática e à segurança energética e ao uso eficiente dos recursos energéticos estão entre os assuntos mais importantes a serem abordados em uma perspectiva estratégica”, assegura o documento final da reunião.

As conclusões desses dois dias de contatos servirão para preparar a reunião de líderes do G8 que será realizada em julho, em L’Aquila, cidade italiana que em 6 de abril foi devastada por um terremoto que matou quase 300 pessoas.

O secretário de Energia americano, Steven Chu, assegurou ao término do encontro que o mundo precisa de “uma segunda revolução industrial”.

O representante do Governo Barack Obama citou como exemplo a primeira revolução industrial, quando foi introduzida a energia elétrica “para melhorar as condições de vida das pessoas”, e explicou que agora é preciso uma “redução no consumo de energia e de produção de CO2”.

O documento final admite que os combustíveis fósseis continuarão sendo “um componente-chave do mix energético na maioria dos países, tanto desenvolvidos como em desenvolvimento, durante muitas décadas”.

No entanto, o G8 se comprometeu em Roma a apresentar 20 projetos de grandes dimensões antes de 2010 para apoiar o desenvolvimento de tecnologias limpas e a redução de custos nesta indústria.

Os países mais industrializados citam especificamente a energia nuclear como uma alternativa para diversificar e contribuir com a segurança energética e acrescentam que essa tecnologia reduz “as emissões de gases causadores do efeito estufa”.

No entanto, destacaram que para poder ter acesso a essa energia é fundamental o compromisso com “a segurança e a não-proliferação de armas nucleares”.

O G8 confia nas negociações na Organização Mundial do Comércio (OMC) para que se liberalize a troca entre países de “tecnologias de baixo consumo de energia” através de uma “redução de tarifas”.

O grupo de países mais desenvolvidos também se diz partidário de uma colaboração mais estreita “entre instituições públicas e o setor privado”.

O G8 emitiu um documento conjunto com os demais países participantes da reunião: Brasil, China, Egito, Índia, Coreia do Sul, México, Arábia Saudita, África do Sul, Argélia, Austrália, Indonésia, Líbia, Nigéria, Ruanda e Turquia.

No texto se recomenda que a crise não atrase “os investimentos em programas energéticos”, ao alegar que são “essenciais para a recuperação econômica e a prosperidade sustentável”.

Entre outras medidas, essas 15 economias e o G8 se mostraram de acordo em estender o diálogo entre os países produtores de combustíveis fósseis e os Estados consumidores, assim como com as nações que servem de passagem no transporte da energia.

Além disso, os países reunidos em Roma manifestaram a intenção de impulsionar o desenvolvimento das infraestruturas energéticas na África, já que são um “importante elemento para o desenvolvimento econômico e para combater a pobreza”.

http://www.estadao.com.br/vidae/not_vid376706,0.htm


A exploração do pré-sal e o futuro brasileiro

15 de novembro de 2008

http://www.ufrgs.br/comunicacaosocial/jornaldauniversidade/113/pagina5.htm

Jornal da Universidade

Novembro de 2008

A exploração do pré-sal e o futuro brasileiro

Energia: Especialistas dizem que benefícios vão depender da política adotada pelo governo federal

Paula Vieira


Em novembro de 2007, a Petrobras anunciou a descoberta da primeira reserva do que, mais tarde, viria a público como pré-sal. Com cerca de 5 a 8 milhões de barris de petróleo, o Campo de Tupi, situado a 6 mil metros de profundidade na Bacia Sedimentar de Santos, foi considerado a maior jazida encontrada no mundo desde 2000. Com a possibilidade de uma reserva gigantesca, surgem questionamentos acerca dos problemas e benefícios que a descoberta pode trazer ao país.

Há 120 milhões de anos, quando América do Sul e África estavam em vias de separação, o Atlântico Sul começou a se formar e com ele o pré-sal. Fendas geradas a partir da divisão dos dois continentes acumulavam água do oceano que, ao passar para o estado de vapor, deixava sobre as rochas camadas de evaporito, popularmente conhecido como sal. Exposta a altas temperaturas e grande pressão, a matéria orgânica que se encontrava abaixo da camada de sal transformou-se em combustível fóssil. Com o passar do tempo, outros sedimentos foram se depositando sobre o evaporito e compondo o relevo submarino brasileiro. As altas temperaturas e a grande pressão desse depósito transformaram a matéria orgânica abaixo do pré-sal em combustível fóssil. Segundo o doutor em Geociências e professor da UFRGS Michael Holz, “geólogos afirmavam haver petróleo nessa camada há muito tempo, mas era complicado fazer um estudo. As reservas se encontravam a grandes profundidades, podendo chegar a mais de 7 mil metros, e, na época, poucos países tinham acesso à técnica de prospecção rochosa necessária. Hoje, a Petrobras é uma das poucas companhias que domina esse tipo de tecnologia”.

Estimativas da empresa apontam que, ao longo da faixa que se estende do litoral do Espírito Santo a Santa Catarina pode existir de 70 a 100 bilhões de barris de óleo leve (petróleo que necessita de pouco refinamento), além de reservas de gás natural. Nessa perspectiva estão englobadas duas bacias sedimentares: Campos e Santos. Para o professor Holz, “existem muitas áreas com rochas reservatórios abaixo da camada de sal. O que fará com que ainda leve um bom tempo até que o mapeamento bacia por bacia seja completado e se saiba, com precisão, a quantidade e as áreas onde está localizado o combustível. Só então a explotação (retirada de petróleo) poderá iniciar”.

Brasil potência — Antes da descoberta do pré-sal, as jazidas brasileiras comportavam cerca de 14,4 bilhões de barris, índice que deixava o país na 24ª posição no ranking das nações com reservas de hidrocarbonetos. Caso as estimativas se confirmem, teremos um total de 100 bilhões de barris em nossas reservas.

O petróleo é considerado por muitos uma “bênção-maldição”. Dependendo de como seu lucro é gerido, pode ajudar na solução de problemas sociais ou levar as nações ao caos e à miséria, como ocorreu em alguns países da África e Oriente Médio. Essa é a visão do mestre em Relações Internacionais pela UFRGS, Lucas Kerr de Oliveira: “Petróleo não deixa nenhum país rico automaticamente, mas seu uso planejado tornou alguns países muito prósperos”. Para o professor da Faculdade de Ciências Econômicas Luiz Miranda, “não é apenas uma quantidade maior de renda que vai gerar renda. A distribuição já é possível com o que se tem hoje, mas precisa haver interesse em se fazer isso”.

Com o pré-sal, o Brasil pode não só se tornar auto-suficiente, como também exportar óleo refinado e derivados. No entanto, Oliveira lembra que a exportação excessiva de commodity, como o petróleo,pode gerar sérios problemas ao país como a supervalorização cambial, conhecida como “mal holandês”. A valorização excessiva do real poderia baratear as importações e prejudicar os setores produtivos, provocando até a desindustrialização do país. O professor acrescenta que, se souber utilizar esses recursos para ampliar suas capacidades política, militar, econômica e cultural, o Brasil poderia se tornar uma potência. “Contudo, isso vai depender da capacidade do governo em gerenciar os recursos estratégicos do país, mantendo a soberania sobre os mesmos. Se a gente permitir que as grandes corporações decidam tudo, vamos continuar concentrando poder e renda e gerando desigualdades cada vez maiores.”

Desafios da prospecção

Quando se fala em prospecção em alto mar, logo vem à cabeça grandes acidentes, como a explosão na plataforma P-36 que matou 11 operários da Petrobras, em 2001. Eduardo Guimarães Barboza, professor do Instituto de Geociências com atuação nas áreas de Estratigrafia e Sensoriamento Remoto, alerta para o fato de que um acidente ocorrido próximo à região costeira gera impactos ambientais significativos, já que atinge uma biota (fauna e flora de uma determinada área) muito mais rica, além do recolhimento do óleo ser mais trabalhoso. Mas acredita que as possibilidades de impactos ambientais diminuem na extração da camada pré-sal.

O doutor em Engenharia Metalúrgica e de Materiais, Telmo Roberto Strohaecker, concorda com a observação do colega: “A meta da Petrobras é vazamento zero. Em caso de vazamento, as válvulas são fechadas automaticamente. Ninguém quer perder óleo.”

Porém, o que mais preocupa as empresas petrolíferas não é a lâmina de água, mas transpassar a camada de sal. Conforme o professor Barboza, o sal possui um comportamento plástico, não é rocha completamente sólida. “Quando a broca perfura o sal, a tendência é que o buraco se feche em função da grande pressão”, esclarece o geólogo. Além disso, as camadas não são contínuas. Há barreiras entre elas, uma vez que as rochas que compõem os reservatórios estão encaixadas em “depressões”- explica Barboza, acrescentado que cada campo de petróleo é formado por diversos reservatórios. “Não há possibilidade de furar em um ponto específico e drenar toda a área” – afirma o pesquisador.

Telmo Strohaecker ressalta que a prospecção desgasta equipamentos e demanda investimentos tecnológicos significativos. Segundo ele, qualquer operação de sondagem envolve custos de milhões de dólares, o que acaba exigindo grande precisão durante o mapeamento.
Eduardo Barboza acredita que explorar as reservas do pré-sal é possível não apenas em termos tecnológicos. “Pelo preço elevado do barril de petróleo, hoje a extração tornou-se rentável. Se o preço caísse para, por exemplo, o valor de dez anos atrás, a Petrobras não iria explotar os reservatórios abaixo do sal.”

Professores apontam dificuldades na criação de nova estatal

Até 1997, a União monopolizava as atividades que envolviam petróleo e gás natural no país, com a Petrobras exercendo com exclusividade, além da exploração e produção, o refino, o transporte, a importação e a exportação de combustível fóssil. Com a promulgação da Lei do Petróleo, o governo federal passou a estabelecer contratos com empresas estatais e privadas para a realização dessas atividades. Atualmente, o modelo adotado pelo Brasil é o de concessões, em que a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), órgão regulador, promove estudos para delimitar em blocos parte de uma bacia sedimentar. Em seguida, essas áreas são leiloadas em rodadas, nas quais empresas privadas podem adquirir blocos por licitação, para a exploração e a produção de óleo e gás. A Petrobras, como uma empresa de capital misto (público e privado), não possui nenhum privilégio nessas licitações.

Em 2007, o Conselho Nacional de Política Energética determinou que fossem retirados 41 blocos da 9ª rodada de licitações, todos com potencial de produção na camada pré-sal. A resolução também exigiu uma avaliação das mudanças necessárias no marco legal, contemplando um novo paradigma de exploração e produção de combustível fóssil.

Sem uma decisão oficial da comissão interministerial formada pelo Executivo para discutir o assunto, surgiram especulações sobre a criação de uma nova estatal para cuidar da exploração das jazidas a serem descobertas.

Sobre essa possibilidade, os especialistas da UFRGS foram unânimes: não acreditam ser possível a construção de uma nova empresa. Para o professor de Engenharia Telmo Stro-haecker, levaria muito tempo até que a companhia desenvolvesse tecnologia a ponto de ser reconhecida no mercado internacional. Eduardo Barboza, docente do Instituto de Geociên-cias, acha que o primeiro problema seria a falta de mão-de-obra qualificada.

Luiz Miranda, economista e professor da Faculdade de Ciências Econômicas, diz que o correto seria fortalecer a Petrobras, aumentando a participação do governo na empresa através da compra de ações ou da estatização da mesma. E questiona o modelo de concessões, afirmando que o petróleo é estratégico e não deveria ser tratado como mais uma commodity em mercado. “Os setores conservadores da sociedade brasileira defendem o modelo norte-americano, esquecendo que as empresas privadas são norte-americanas. Dessa maneira, nação e capital privado não têm dissonância quanto aos interesses estratégicos do país.” O professor substituto do Departamento de Ciência Política da UFRGS, Lucas Kerr Oliveira concorda  e propõe a adoção do modelo norueguês, no qual o governo tem participação acionária em todas as empresas petrolíferas atuantes em seu território. Para Oliveira, outra solução seria criar um fundo para as gerações futuras, que recolheria uma taxa sobre a exploração de petróleo para reinvestir na pesquisa de novas fontes de energia. “É quase imoral explorar um recurso tão rico sem deixar nada para as próximas gerações”, conclui.

Paula Vieira, estudante do 3º semestre de Jornalismo da Fabico – especial para o Jornal da Universidade


Jornal da Universidade, UFRGS,  nº 113, ano XII, Novembro de 2008, p. 5.

http://www.ufrgs.br/comunicacaosocial/jornaldauniversidade/113/pagina5.htm

Energias renováveis e segurança energética

18 de maio de 2008

http://www.itaipu.gov.br/?q=node/413&id_noticia=1914

Itaipu – Sala de Imprensa

18/05/2008

Energias renováveis e segurança energética

Jorge Miguel Samek

Energias renováveis são o tema da atualidade nos fóruns internacionais, nas tratativas entre governos, na mesa de negociações entre empresas e na mídia em geral. Afinal, a todos interessa que o mundo encontre soluções para as limitações da matriz energética e a crise do aquecimento global. Há consenso na comunidade científica e econômica internacional de que a solução passa pela redução da forte dependência de combustíveis fósseis, altamente poluentes e produtores dos gases do efeito estufa.

O Brasil tem uma condição privilegiada para responder a esse desafio. Afinal, 55% da energia primária (elétrica + combustíveis) que move a economia brasileira provêm de fontes renováveis, proporção bastante significativa se comparada com a média mundial, de apenas 13%. O contraste é ainda maior em relação aos países ricos da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que dispõem de apenas 6,1% de fontes renováveis na sua matriz energética.

Se consideramos tão-somente o suprimento de energia elétrica, a vantagem brasileira é ainda mais contrastante: 79% da nossa capacidade instalada é de fontes renováveis, com predomínio da hidreletricidade, contra 23,4% da média mundial. Outro destaque é o nosso pioneirismo na área de biocombustíveis. O país respondeu prontamente ao primeiro choque do petróleo, na década de 70, com a criação do Pró-Álcool. Graças a uma política pública arrojada, o Brasil se tornou líder mundial na produção de álcool combustível a partir da cana-de-açúcar. Hoje, outros países fazem fila para copiar nossas políticas e importar nossas tecnologias.

Mas ainda há muito a se fazer, pois a demanda por energia é crescente. A nosso favor, conta o fato de o Brasil ter um potencial para o desenvolvimento de energias renováveis praticamente ilimitado, dadas as características nacionais relacionadas ao clima, biodiversidade, recursos naturais e meio rural. Porém, para que esse potencial seja plenamente realizado, é necessário que o país sirva-se de metodologias que viabilizem as fontes renováveis, como a geração distribuída para poder dar dimensão econômica à agroenergia.

A agroenergia, ou a energia gerada no campo, está em expansão no mundo. Os Estados Unidos, por exemplo, lançou a proposta “25 to 25”, que pretende fazer com que até 2025, 25% de toda a energia gerada naquele pais sejam produzidos no meio rural. Outros países europeus, como Alemanha, Áustria e Espanha também incorporaram propostas semelhantes a seus planos nacionais de desenvolvimento, o que indica uma tendência mundial de integrar as atividades agropecuárias ao parque gerador energético.

A geração distribuída – por definição a geração realizada próximo à unidade consumidora – é justamente a modalidade de produção elétrica que viabiliza o aproveitamento de todas as fontes renováveis disponíveis e abundantes no campo. Os amplos espaços do meio rural possibilitam a convivência harmoniosa da produção de alimentos com a instalação de geradores eólicos, painéis solares e biodigestores. A criação desses sistemas híbridos de geração potencializam a propriedade rural como unidade geradora de energia e esta pode, além de atingir a auto-suficiência energética, comercializar o excedente, inaugurando uma nova fonte de receita para o produtor.

A fim de comprovar a viabilidade técnica, econômica e ambiental da geração distribuída, foi criada uma unidade modelo em São Miguel do Iguaçu, na região Oeste do Paraná. Ali, a partir do gás metano liberado por dejetos de 3 mil suínos, é gerada energia suficiente para abastecer toda a propriedade. A novidade nessa iniciativa está em um painel de comando desenvolvido a partir de critérios técnicos definidos pela Companhia Paranaense de Energia (Copel), que permite transmitir o excedente energético para a rede pública, com total segurança para a rede e para a propriedade. Além do benefício econômico, essa modalidade de geração evita a liberação de gás metano na atmosfera. É importante lembrar que o metano é 21 vezes mais poluente que o gás carbônico, principal agente do efeito estufa.

Longe de propor uma competição com as fontes geradoras tradicionais, como as grandes usinas, essas unidades geradoras de pequeníssimo porte tem muito mais a função de complementar o sistema, permitindo que a energia produzida em fontes convencionais seja destinada a usos nobres como hospitais, iluminação pública, indústria e outros que definitivamente não têm condições de suprir sua própria demanda.

A Itaipu Binacional, maior hidrelétrica do mundo em geração de energia elétrica, promove com entusiasmo essa iniciativa por reconhecer os enormes benefícios que a sociedade brasileira poderá obter com o uso intensivo de biodigestores para alimentar microgeradores.

Soluções como essa farão parte das discussões do Fórum Global de Energias Renováveis, promovido pela Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento da Indústria (Onudi) e pelo Ministério das Minas e Energia, com o apoio da Eletrobrás e da Itaipu. Esse evento – que acontece em Foz do Iguaçu (PR), deste domingo (18) até quarta-feira (21) – oferece uma oportunidade extraordinária para que o Brasil mostre aos demais países as vantagens da sua matriz energética, que tem como carro-chefe a hidreletricidade – fonte limpa e renovável de energia para um modelo de desenvolvimento sustentável.

Este Fórum será também uma oportunidade de aprendermos com os países que estão mais avançados no uso de energia solar, eólica e de biomassa. A hidreletricidade é o esteio do nosso sistema, mas a segurança energética será maior com a crescente diversificação da matriz energética. Fomos pioneiros e podemos continuar na liderança desse processo. O Brasil está mostrando ao mundo que segurança alimentar e soberania energética são dois objetivos estratégicos que podem ser alcançados simultaneamente, com tecnologia, ousadia, empreendedorismo e justiça social.

Jorge Miguel Samek, engenheiro agrônomo graduado pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), é Diretor-Geral Brasileiro da Itaipu Binacional

http://www.itaipu.gov.br/?q=node/413&id_noticia=1914